Memória Atleticana

Fico sabendo por meu amigo Vandeco uma história de meu pai e do Atlético.

Segundo lhe contou o Edivar, meu colega de grupo escolar em São Vicente, em 1939 seu pai, Zé Teixeira, participou de uma aventura para ver um jogo do Atlético.

No total eram nove atleticanos incluindo o Zé Teixeira: meu pai Joãozito, Agrícola Rosa e seu irmão João Batista, Anibal e Geraldo Ribeiro que eram irmãos de meu pai, Tuié, Geraldo Pedro e o baixinho Hermelindinho.

A caravana saiu às seis horas da manhã na pequena “jardineira” (como eram chamados os ônibus da época) e passaram antes em Lagoa Santa para o Agrícola encontrar com um sujeito que estava devendo-lhe uma boa quantia. Não chegou a receber nada: o cara era enrolado, o que continua a ser uma tradição neste triste país.

Apesar de São Vicente estar a pouco menos de 100 quilômetros de BH, a turma levou quase o dia inteiro para chegar a tempo de ver a partida no Estádio Antônio Carlos, onde hoje está o shopping Diamond Mall.
Valeu a pena porque o Galo venceu o Corínthians por 4 a 2, fora o “baile”, como se dizia quando um time dava um vareio de bola no adversário.

A fama do Corínthians era muito grande e a vitória deu uma projeção nacional ainda maior ao Atlético
Eufóricos, os atleticanos sãovicentinos pegaram a estrada, evidentemente de terra, só depois de ficarem um bom tempo na casa de Vinícius Teixeira, que morava no bairro Cachoeirinha, onde jantaram e tomaram uns “golos” em comemoração pela vitória.

A viagem até São Vicente durava seis horas e lá chegaram por volta das três horas da madrugada, em meio à preocupação geral das famílias que temiam ter acontecido alguma coisa ruim na viagem.

A história me deixou emocionado porque não sabia da aventura e do empenho do meu pai para ver um jogo que entrou para a História.
Não é de estranhar, portanto, que torcer para o Atlético tornou-se uma unanimidade na família Ribeiro até hoje, envolvendo filhos, netos, primos e primas etc.

Como disse o Ronaldinho Gaúcho, não é sem razão que os Ribeiros podem repetir a expressão histórica do grande craque: “Aqui é Galo”.

Ou como dizia o Sempre, torcedor-símbolo do Atlético que durante as partidas repetia sem parar “Galo, sempre Galo”.