O Laércio Ramos, médico pediatra e um terrível crítico de tudo, odiava tanto o frio quanto o banho diário.
Certamente foi por essa razão que chegou a fazer um hai-kai precioso no seu humor quando retrata essas duas idiossincrasias suas. Ei-lo:
No inverno,
Com a temperatura fria,
Só tomo banho de pia.
Lembro do mau humor do Laércio que em seus hai-kais nos fazia rir porque ando às voltas com o frio do atual inverno, anunciado como um dos mais fortes dos últimos tempos.
E, por isso, para me proteger da friagem, tenho prestigiado as duas ceroulas que minha mulher, sempre previdente, me presenteou em um inverno passado.
O sensacional da ceroula é porque, ficando justa à pele, impede o frio de nos atormentar nos “países baixos” e nas pernas.
Infelizmente, o conceito da ceroula sempre foi motivo de ridicularia.
Isto talvez seja consequência daqueles filmes sobre o “velho Oeste” americano em que os atores, surpreendidos por um assalto de bandidos no meio da noite, saiam de casa apavorados portando suas cenouras.
E era realmente engraçado, motivo de mais bagunça, no cinema que o Sr. Naftalino, que não se perca pelo nome, comandava no salão superior do Lactário mantido pela Igreja da Renascença.
Aliás, no cinema do Lactário assisti excelentes filmes, apesar da barulhada e risos da turma comandada pelo Waldemar Firme, grande amigo que depois virou juíz de futebol e que recentemente faleceu.
Agora, com o frio cada vez mais intenso, lanço este repto de valorização da ceroulas pois tenho tido um sono tranquilo graças a elas.
E, afinal, pelas fotos colhidas na internet, hoje há até uma certa elegância nas ceroulas.