Vida que Segue

Há quanto tempo aquele amigo de histórias engraçadas foi desta para melhor? E o velho pai com sua criatividade, suas histórias, sua coragem?

Bobagem tentar voltar no tempo porque volta não há, ainda mais que o tempo hoje parece correr mais acelerado do que em outras épocas.

Mais rápido do que nunca, o tempo comete a maldade de nos empurrar por um caminho cheio de novidades que nos deixam em dúvida:

valerá a pena achar que antes tudo era melhor e esquecer a quantidade enorme de preconceitos, atraso de vida, desatinos e tanta coisa ruim que havia?

Outra dúvida pertinente: valerá a pena a gente não se desapegar de jeito nenhum aos valores do passado ou chegar à conclusão de que o melhor mesmo é assumir de vez o pragmatismo dos novos tempos?

Mais conveniente talvez seja aceitar a realidade, apesar da dúvida cruel se o ser humano, agora mais municiado de informações, tecnologia e recursos nunca antes imaginados, tenha finalmente se tornado mais capaz de discernir entre o que é bom e o que é ruim.

Diante do carma de ter de levar a vida em frente, alguns dão razão aos antigos segundo os quais o melhor é deixar para lá para ver como é que fica, cultivar bons momentos sem a neurose de achar que existe remédio para tudo e que quando menos se espera é que tudo se resolve.

Se perdemos referências que acreditávamos eternas, bobagem tentar resolver os problemas do mundo e os nossos, pobres mortais dominados ora pela euforia ora pela depressão.

Vida que segue, mesmo porque razão tinha o jagunço Riobaldo que em toda longa narrativa de "Grande Sertão Veredas", de Guimarães Rosa, afirmava obsessivamente que viver émuito perigoso.

E põe perigoso nisso.