O Demo Está Nos Detalhes - Crônica "Estado de Minas" - 05/11/15

Antes tinha acesso fácil à sua conta pelo computador mas o banco impôs que ele implantasse um programa de segurança: só assim ele poderia saber a quantas andava seu dinheiro e suas aplicações.

Seguiu o roteiro, mas em um ponto da operação a coisa empacou.

Foi à a agência: se levasse o computador à agência o gerente resolveria o problema?

O gerente alegou que, por questão de segurança, só o cliente pode fazer o procedimento em sua casa. Bastava ligar para a central do banco em São Paulo e receberia todas orientações.

Mesmo inconformado, ligou para a central.

Atendeu voz feminina de computador que lhe indicou teclar a última das nove opções que oferecia embora houvesse apenas oito à escolha.

Reiniciou o processo. Nova voz eletrônica lhe passou um número enorme e aí, sim, ele falaria ao vivo com um ser humano.

Doce ilusão pois de novo atendeu outra voz de computador.

Não adiantava soltar palavrões horrorosos contra o processo kafkiano em que se envolvera.

Não admitia servir de empregado do banco como ocorre com outras empresas que repassam ao cliente a missão de apertar teclas e mais teclas sem sentido para se adaptar às seguidas mudanças tecnológicas em nome de uma segurança cada vez mais precária no país e na internet, embora o esquema nunca funcione quando o cliente precisa de uma solução.

Quis soltar outro palavrão mas desistiu.

Melhor entregar para Deus apesar de achar que todo esquema de proteção tenha sido organizado pelo Demo.

Afinal, o Diabo está sempre nos detalhes como alertou Guimarães Rosa na voz de Riobaldo em “Grande Sertão – Veredas”.