1a. parte
Lembro-me bem da posse de Lula na presidência da república. Se não me engano, foi num fim de semana prolongado e o primeiro de janeiro foi uma festa. Clima de euforia em todo o País. De férias, eu e família assistimos os principais lances da posse do operário no comando do Brasil em um restaurante em Campos de Jordão. A mais sentida era minha mulher. Chorava tal qual um bezerro desmamado pois não se conformava com a vitória do PT. Tentei consolá-lá dizendo que tudo ia durar pouco e que os "cumpanhero" iriam meter os pés pelas mãos. Brasília era uma festa só. Lula de Rolls Royce pela esplanada dos ministerios, secundado por José Alencar em um Ford 29 (o cúmulo da cafonice). A multidão desvairada corria a pé atrás da comitiva, tristemente secundado pelos Dragões da Independência, com os pobres cavalos a trotar no asfalto quente e os soldados com todos os adereços da farda a suar em bicas sob o sol causticante do Planalto Central.
Minha mulher continuava a chorar e já não chorava, alagava. Nada a consolava e o que parecia ser para nós um exagero, era sem dúvida uma premonição do que iria acontecer nos anos seguintes. Uma autêntica pitonisa, uma das poucas a perceber o desastre que começava a ser desenhado naquele primeiro de janeiro.
Estava inaugurada a República do Ridículo e dos ridículos.
No dia anterior, à Capital Federal vivera uma noite de festas. Não só a festa do PT, mas também outras e, sobretudo, uma festa dada por José Alencar no hotel Blue Tree, com pompa e cirscunstância . O grande empresário do setor têxtil, que morava em Belo Horizonte em um edifício apelidado pelas más línguas de "caixa dois", estava radiante pois a aliança entre o capital e o trabalho dera certo e naquele dia caia por terra República Tucana, comandada pelos intelectuais da Maria Antonia, rua emblemática pela escola e pelas lutas que abrigou no tempo dos militares.
O discurso de posse, bem escrito, com supervisão de Duda Mendonça e gestado pelos intelectuais da USP, prometia muitos anos de leite e mel com a classe operária chegando finalmente ao paraíso. Não era inédito um operário sindicalista no poder. Anos antes, o polonês Lech Walessa havia assumido a presidência da Polônia. O seu governo foi pífio mas o nosso metalúrgico tinha mais a oferecer: amplo apoio popular, um partido forte e grande parte do empresariado nacional, capitaneado pelos banqueiros e empreiteiros, secundava o líder operário do ABC, de carreira sindical e política meteórica e de reconhecimento internacional, notadamente da Europa, que com ares de esquerda intelectual, sempre teve olhares condescendentes com experiências exóticas, reduzindo ao popular: pimenta no rabo dos outros é refresco .
A euforia continuava. Os intelectuais comunistas, que de comunismo nada entendem pois lhes falta o fundamental - a leitura dos clássicos da doutrina parida pelo judeu-alemão Karl Marx e financiada por Engells numa Inglaterra capitalista, terra de liberdade e do livre pensar. Tida e vilipendiada como a Grande Imperialista, a "Velha Albion" sempre acolheu a todos, DNA inconfundível que legou ao Grande Satã, os Estados da América, a maior e segunda mais antiga democracia do mundo.
Estava legalmente instalada a República Ridícula e dos ridículos, autêntica nau dos insensatos, que navegando em águas poluídas e turvas, iriam levar o Brasil a uma tempestade perfeita.
Notas
1) Novidade no Rio de Janeiro: passeio turístico para cegos, de bicicleta.
Ao anunciarem a notícia, fiquei curioso. Já tinha visto um cego dirigir uma Ferrari em um antológico filme americano. Meu pai ficou cego com quarenta anos de idade. Viveu até aos oitenta e seis. Guiei o velho com prazer desde garoto e o faria com enorme prazer se vivo fosse. Resultado: levam o coitado do cego na garupa da bicicleta e vão descrevendo a paisagem para o pobre. Como se ele pudesse imaginar aquilo que nunca viu. Para os nascidos cegos é impossível imaginar tudo aquilo que nunca viram ou que não podem apalpar. Para tanto, consultei a um bom amigo cego de nascença .Concordou comigo. Fez uma sugestão: carregar os cegos em um veículo mais confortável. Quem sabe um "Tuc -Tuc " indiano ou uma charrete. O Tuc-Tuc polui pouco e a charrete nada.
2) Ainda a história dos cegos.
O cego ia pela cidade pelas mãos de seu guia. Reclamou com o parceiro que sentia fome. Disse-lhe o guia: tome um copo de leite. Respondeu o cego: boa ideia, mas não sei o que é leite. Respondeu-lhe o guia: o leite é branco. “Branco, matutou o cego. No entanto não sei o que é branco”.Disse-lhe o guia: “branco é o cisne”. “Cisne” matutou o cego, “mas não sei o que é um cisne. Novamente o guia: Ïsso é fácil: cisne é uma ave que tem o pescoço torto. Aí o cego devolveu: eu também não sei o que é torto. Fácil, devolveu o guia: “Pegue a sua bengala. Passe a mão na parte mais curta, a parte que você usa para segurar. Esta parte da bengala é a parte torta. O cego pensativo e cheio de sapiência. “Se isso é torto, agora já sei como é o leite!!!”
Nada ver com o novo programa turístico do Rio de Janeiro.
Duas piadas prontas:
- Um remédio de fabricação portuguesa foi testado em um centro especializado de fármacos na França Nome do remédio: Bial. Matou um paciente e deixou cinco em estado grave. O remédio é para dores. Nada a ver com o simpático jornalista.
- O BNDES financiou uma obra em Moçambique, tocada pela Andrade Gutierrez. Valor da obra: trezentos e vinte milhões de dólares. Nome da hidrelétrica: Moamba-major.
Urtigão (desde 1943)
Lembro-me bem da posse de Lula na presidência da república. Se não me engano, foi num fim de semana prolongado e o primeiro de janeiro foi uma festa. Clima de euforia em todo o País. De férias, eu e família assistimos os principais lances da posse do operário no comando do Brasil em um restaurante em Campos de Jordão. A mais sentida era minha mulher. Chorava tal qual um bezerro desmamado pois não se conformava com a vitória do PT. Tentei consolá-lá dizendo que tudo ia durar pouco e que os "cumpanhero" iriam meter os pés pelas mãos. Brasília era uma festa só. Lula de Rolls Royce pela esplanada dos ministerios, secundado por José Alencar em um Ford 29 (o cúmulo da cafonice). A multidão desvairada corria a pé atrás da comitiva, tristemente secundado pelos Dragões da Independência, com os pobres cavalos a trotar no asfalto quente e os soldados com todos os adereços da farda a suar em bicas sob o sol causticante do Planalto Central.
Minha mulher continuava a chorar e já não chorava, alagava. Nada a consolava e o que parecia ser para nós um exagero, era sem dúvida uma premonição do que iria acontecer nos anos seguintes. Uma autêntica pitonisa, uma das poucas a perceber o desastre que começava a ser desenhado naquele primeiro de janeiro.
Estava inaugurada a República do Ridículo e dos ridículos.
No dia anterior, à Capital Federal vivera uma noite de festas. Não só a festa do PT, mas também outras e, sobretudo, uma festa dada por José Alencar no hotel Blue Tree, com pompa e cirscunstância . O grande empresário do setor têxtil, que morava em Belo Horizonte em um edifício apelidado pelas más línguas de "caixa dois", estava radiante pois a aliança entre o capital e o trabalho dera certo e naquele dia caia por terra República Tucana, comandada pelos intelectuais da Maria Antonia, rua emblemática pela escola e pelas lutas que abrigou no tempo dos militares.
O discurso de posse, bem escrito, com supervisão de Duda Mendonça e gestado pelos intelectuais da USP, prometia muitos anos de leite e mel com a classe operária chegando finalmente ao paraíso. Não era inédito um operário sindicalista no poder. Anos antes, o polonês Lech Walessa havia assumido a presidência da Polônia. O seu governo foi pífio mas o nosso metalúrgico tinha mais a oferecer: amplo apoio popular, um partido forte e grande parte do empresariado nacional, capitaneado pelos banqueiros e empreiteiros, secundava o líder operário do ABC, de carreira sindical e política meteórica e de reconhecimento internacional, notadamente da Europa, que com ares de esquerda intelectual, sempre teve olhares condescendentes com experiências exóticas, reduzindo ao popular: pimenta no rabo dos outros é refresco .
A euforia continuava. Os intelectuais comunistas, que de comunismo nada entendem pois lhes falta o fundamental - a leitura dos clássicos da doutrina parida pelo judeu-alemão Karl Marx e financiada por Engells numa Inglaterra capitalista, terra de liberdade e do livre pensar. Tida e vilipendiada como a Grande Imperialista, a "Velha Albion" sempre acolheu a todos, DNA inconfundível que legou ao Grande Satã, os Estados da América, a maior e segunda mais antiga democracia do mundo.
Estava legalmente instalada a República Ridícula e dos ridículos, autêntica nau dos insensatos, que navegando em águas poluídas e turvas, iriam levar o Brasil a uma tempestade perfeita.
Notas
1) Novidade no Rio de Janeiro: passeio turístico para cegos, de bicicleta.
Ao anunciarem a notícia, fiquei curioso. Já tinha visto um cego dirigir uma Ferrari em um antológico filme americano. Meu pai ficou cego com quarenta anos de idade. Viveu até aos oitenta e seis. Guiei o velho com prazer desde garoto e o faria com enorme prazer se vivo fosse. Resultado: levam o coitado do cego na garupa da bicicleta e vão descrevendo a paisagem para o pobre. Como se ele pudesse imaginar aquilo que nunca viu. Para os nascidos cegos é impossível imaginar tudo aquilo que nunca viram ou que não podem apalpar. Para tanto, consultei a um bom amigo cego de nascença .Concordou comigo. Fez uma sugestão: carregar os cegos em um veículo mais confortável. Quem sabe um "Tuc -Tuc " indiano ou uma charrete. O Tuc-Tuc polui pouco e a charrete nada.
2) Ainda a história dos cegos.
O cego ia pela cidade pelas mãos de seu guia. Reclamou com o parceiro que sentia fome. Disse-lhe o guia: tome um copo de leite. Respondeu o cego: boa ideia, mas não sei o que é leite. Respondeu-lhe o guia: o leite é branco. “Branco, matutou o cego. No entanto não sei o que é branco”.Disse-lhe o guia: “branco é o cisne”. “Cisne” matutou o cego, “mas não sei o que é um cisne. Novamente o guia: Ïsso é fácil: cisne é uma ave que tem o pescoço torto. Aí o cego devolveu: eu também não sei o que é torto. Fácil, devolveu o guia: “Pegue a sua bengala. Passe a mão na parte mais curta, a parte que você usa para segurar. Esta parte da bengala é a parte torta. O cego pensativo e cheio de sapiência. “Se isso é torto, agora já sei como é o leite!!!”
Nada ver com o novo programa turístico do Rio de Janeiro.
Duas piadas prontas:
- Um remédio de fabricação portuguesa foi testado em um centro especializado de fármacos na França Nome do remédio: Bial. Matou um paciente e deixou cinco em estado grave. O remédio é para dores. Nada a ver com o simpático jornalista.
- O BNDES financiou uma obra em Moçambique, tocada pela Andrade Gutierrez. Valor da obra: trezentos e vinte milhões de dólares. Nome da hidrelétrica: Moamba-major.
Urtigão (desde 1943)