Urtigão: República dos Ridículos e a Subserviencia - 2a. Parte

Passada a euforia da posse, as festas, o baboso beija-mão ao metalúrgico agora presidente, ele toca a administrar Pindorama e seus duzentos milhões de habitantes, à espera de promessas e rios de leite e mel. No discurso de posse, o demagogo de Garanhuns deixou uma promessa candente: “a partir de nosso governo, nenhum brasileiro irá para a cama com fome”. Promessa feita e em seguida o cumprimento com lançamento, com "foguetório", do Fome Zero, um amontoado de bobagens reunidas às pressas pelo marqueteiro Duda Mendonça, fez a sua entrada no cenário nacional.

Por meio de um amigo que na época fazia parte do Conselho Nacional de Saúde, tive acesso à bobajada mesmo antes de sua divulgação . Uma peça de ficção, com medida impossíveis de implementar, o que logo foi descartado, apesar do empenho do agrônomo Clovis Graziano, nomeado ministro encarregado de colocar o plano em andamento.

Basta lembrar que a modelo Gisele Bundchen doou um cachê de um desfile ao Fome Zero e não havia meio de receber o dinheiro sem cobrar o imposto da doadora. Aconteceu também com conhecidos meus que fizeram uma feira em São Paulo, sob o mote do programa. O lucro foi destinado ao Fome Zero. A dificuldade: como receber sem cobrar os impostos, nessa altura maiores do que a renda.

Pior, o notório Zé Dirceu, recebe de presente um relógio Rolex de presidente do PTB de Martínez, já falecido. Zé Dirceu resolve doar o relógio ao Fome Zero. Averiguaram que o relógio era falso. Tão falso quanto o governo instalado e que iria dominar o Brasil.

Lula e sua "Galega" Marisa Letícia, também conhecida como a Grande Muda, pois não falou em público durante os oito anos do governo do Nove Dedos, imprimiram a sua marca de novos ricos, de jecas do ABC, a presidência da República. Peladas de futebol em todos os fins de semana na Granja do Torto, churrascadas, bebida à vontade, carne de animais exóticos vinda do Mato Grosso, um churrasqueiro particular e entrada em cena do pecuarista Bumlai , responsável pelas carnes, incluindo o "javanteiro", cruzamento de porco do mato com porco doméstico, prato preferido de Lula. E tome peladas. Aí é que entra a subserviência. Para agradar o chefe maior até José Alencar jogava futebol, assim como os ministros "do peito", Palocci, Zé Dirceu, Gushiken e outros menos cotados. Dilma não foi incluída por não ter futebol feminino. Se tivesse, seria a capitã do time.

Com a presença de Henrique Meirelles no banco central e a adoção da política econômica dos governos tucanos, a Carta ao Povo Brasileiro, na qual o PT se comprometeu a respeitar as regras do capitalismo, o governo começou a andar. Roberto Rodrigues, grande conhecedor do agronegócio, colocou em prática a sua experiência e prestígio no Ministério da Agricultura, o mesmo acontecendo no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, entregue a um ex-executivo da Sadia. Homens certos nos lugares certos. Gente sabida esta do PT. Deixaram de lado os radicais do partido, ajuntaram em um único programa as diversas ações do governo de Fernando Henrique, em favor da promoção social e, com o nome de Bolsa-Família, começaram a melhorar a vida de muitos brasileiros. Melhorar a vida e cevar um grande contingente de eleitores, que passaram a votar fielmente nos comunistas do PT. A cafonice, a falta de civilidade, o uso institucionalizado de palavrões, a preguiça, o gosto por viagens (compraram um avião grande e novo) para substituir o "sucatão e satisfazer o grande chefe: viajar, subir no palanque e fazer discursos, discutir futebol, beber a mais não poder e ser bajulado pela baba bovina e humilhante dos subservientes. República dos Ridículos, instalada em Brasília para os petistas, Lula e seus asseclas. Passaporte diplomático para toda a família do sindicalista, avião presidencial voando de São Paulo à Capital Federal, lotado pelos filhos do Lula e amigos, para um farto fim-de-semana no Alvorada, com direito a churrasco e nadar pelado na piscina do palácio. Se quisermos eleger uma música para definir de forma geral o quanto eram cafonas, nada melhor do que "Pelados em Santos" dos Mamonas Assassinas, infelizmente, mortos de forma trágica e prematura. Em seguida, a despeito das gafes, do assassinato da Língua Portuguesa e da apropriação descarada da coisa pública, o Brasil conheceu dias de glória, impulsionado pelo "boom" das commoditties, o crescimento da China, alta qualidade e a expertise do agro-negócio brasileiro. Lula e sua turma voavam num céu de brigadeiro. Uma pena não terem aproveitado a maré de sorte. A vida de cigarra se mostrou arrogante e perdulária e anos depois, a formiga da fábula voltou a preponderar, transformando o céu de brigadeiro em tempestade perfeita. As águas calmas do Paranoa se transformaram no mar de lama da Samarco. Os estadistas de galinheiro sob o comando do Barão de Munchausen de Garanhuns iriam levar o Brasil ao inferno.

Pensamentos aproveitados de revistas Seleções (dezembro 1961)

* História de uma família: casamento, apartamento, casa pequena, casa maior, casa pequena, apartamento e lar de idosos. No meu tempo éramos chamados de crianças insolentes. Mais tarde a mesma coisa passou a ser conhecida como retrucar. Agora tem o nome de discussão honesta entre país e filhos. Vou morrer antes do nome mudar. Precaução com o que vem por aí .

* Numa universidade de renome na Europa, perguntaram ao reitor se o comunismo era ensinado nos cursos de Sociologia e Política. Resposta pronta: da mesma forma que o câncer é estudado nas escolas de medicina.

* Dois comunistas passam na frente de uma igreja onde se lê em um cartaz: recoloquemos Cristo no Natal. Comentário de um deles: querem meter religião em tudo.

* Brinquedos educativos: boneco político. Fala, fala e não diz nada. Boneco garçon: coloca-se a pilha e ele olha para o outro lado. Boneca para filhos de pais separados e famílias multiplas: é vendida para duas meninas e em cada fim de semana mudam de casa.

* O que tem importância não é quem está certo, mas o que é certo.

* Para finalizar: se um governo tem dúvidas em investir na educação, invista na ignorância para ver o resultado. Como dizia o padre de minha cidade em alto e bom som: a ignorância é atrevida!!!

Urtigão (desde 1943)