Barco do Sítio do Pé-rapado |
A operação Lava-jato é o fato mais importante que já presenciei no País, algo que tem o poder de transformar e, atrevo-me a dizer, já transformou a Nação, apesar de criticada e vilipendiada por grande parcela dos apaniguados do poder, zelosos para não perder os ganhames, protegendo as sinecuras, o compadrio e a mamata de sugar as tetas da Viúva .
Nada causou tanta espécie nesses arautos do Estado de Direito, do que aconteceu com Lula no dia quatro de março, quando o Macunaíma "encarnado" foi levado a depor "sob vara". Aliás, desde aquele dia, tenho usado essa expressão e não o eufemismo da condução coercitiva. Tenho certeza, se fosse eu o detido, eu iria "sob vara". Sou pé-rapado.
Sempre é bom lembrar para todos os doutos senhores da verdade e da opinião pública que o Juiz Sérgio Moro não quer e não procura ser a palmatória do mundo e tampouco quer ostentar o galardão de Salvador da Pátria, um D. Sebastião redivivo. Moro é simplesmente um magistrado que cumpre seu dever e está rodeado de pessoas que comungam do mesmo espírito no Ministério Público e na Polícia Federal. Nada mais do que isso. Num País tão carente de bons exemplos, deveria ser louvado nas suas atitudes e apoiado por aqueles que o julgam temerário, capaz de ultrapassar os limites da doutrina.
Fico triste ao ler como fiz hoje, Elio Gaspari (velho e respeitado comunista), Zuenir Ventura e o tão querido amigo de Lula, o Frei Beto, amigo de Fidel Castro e discípulo de Leonardo Boff, a criticar o juiz Moro e defender a integridade e a honra do Apedeuta de Garanhuns, afirmando que ele teve o nome ultrajado pela PF, pelo Ministério Público e pelo Juiz Moro. Elio Gaspari eu respeito, Zuenir, nem tanto e Frei Beto não merece nem a minha indignação.
Por favor, senhores: fiquem quietos e, em nome de um Brasil melhor, deixem a Justiça agir. Não vamos resvalar para a ditadura, tampouco para o estado de exceção, a menos que considerem exceção a digna luta pela transparência e pela honestidade.
Notas
1) Leio em o " Natal do Terêncio", livro do saudoso professor Jayme Neves que tive a honra de conhecer e tê-lo como amigo.Reproduzo um texto que acho importante:
''Secretário da Polícia Federal, Romeu Tuma, numa aparição em um telejornal exibiu algumas fichas do DOPS dizendo teatralmente que a famigerada instituição iria franquear aos interessados os arquivos até então secretos. Mostrou algumas fichas de gente ilustre, tais como Juscelino Kubitscheck, Tancredo Neves e na esteira, a minha, metida ali talvez por engano. Mesmo estando em boa companhia - diga-se de passagem - de pessoas muito caras e amigas, tornou-se inevitável um sem-número de interpelações que recebi sobre a natureza de minhas atividades subversivas. Familiares distantes se abalaram: uns temerosos de novas vendetas; outros simplesmente surpresos de haver eu, até por burrice, deixado de cacifar um título que tem dado muito prestígio a oportunistas."
É texto nos anos oitenta, publicado no “Estado de Minas”. Se todos ditos subversivos tivessem seguido o exemplo do nobre professor da Escola de Medicina da UFMG, estaríamos livres de muitos aproveitadores que ganharam a Bolsa- Ditadura.
2) Algumas coisas me intrigam e me fazem matutar. Acima escrevi que sou um pé-rapado. Essa expressão era usada para aqueles que, morando na periferia ou na zona rural, andavam no barro e para irem a lugares freqüentados pelos ricos, tinham de rapar o pé, tirando o barro antes de entrar na igreja, nas repartições públicas etc. Aqui em Belo Horizonte, na entrada do prédio da antiga Secretária da Educação existia e talvez ainda exista um lugar para raspar o pé.
3) Superior Tribunal de Justiça da licença para a Polícia Federal investigar o Pimentel. Eta nois.
4) Todo mundo fala em água potável nestes tempos de poluição do Rio Doce, da crise hídrica e outras " cositas mas". Duvido se a maioria já viu um pote na vida. Um recipiente de barro, usado para guardar água de beber antigamente, principalmente na roça. O mesmo se dá com a expressão "a todo vapor". Já de muito, os motores a vapor foram aposentados e só sobrevivem nas Marias Fumaças de passeios turísticos. Da mesma forma usam a expressão "zero bala" para dizer que algo ainda não foi usado, apesar do Estatuto do Desarmamento que criminalizou até o disparo de arma de fogo. Nada a reclamar: quando morrer, vou ser enterrado debaixo de sete palmos de terra.
5) O ministro inventado às pressas por Jacques Wagner para o lugar de José Eduardo Cardoso, foi recusado por 10 x 1 no Supremo. Piada pronta: ministro de iniciais WC acaba na merda. Viva o Brasil!
6) Pegaram o sacripanta: Ministério Público de São Paulo denunciou Lula por lavagem de dinheiro. Adeus Ministério no Governo para se livrar de Sérgio Moro. Deus é grande e N.Sra é uma baita.
Urtigão (desde 1943)