Primeiro poço produtor de petróleo no Brasil, em Lobato, na Bahia. |
Vale lembrar também que muitas nações ficaram ricas sem ter a commoditte. Para avivar a memória basta lembrar do Japão, França, Alemanha, Suíça, Itália, Suécia, Coreia do Sule tantos outros que souberam enriquecer sem reservas ou exploração deste combustível.
Nos Estados Unidos, o petróleo nunca foi monopólio do Estado. No século XIX, muita gente no país prospectava e "cozinhava" petróleo. Cozinhar aqui equivale a uma forma rudimentar de "craquear" o óleo bruto, para dele extrair os subprodutos, entre os quais, o querosene, primeira mercadoria multinacional, produzida e exportada pela Standard Oil, a tão temida Esso de John D. Rockfeller. Por todo o planeta se usava o querosene , imprescindível para a iluminação e que ainda sobrevive em muitas lamparinas. A Inglaterra teve a British Petroleum como estatal. Depois privatizou a empresa e com isso obteve ganhos admiráveis.
No Brasil o petróleo sempre foi intocável. A famosa campanha do petróleo é nosso, dos anos quarenta desembocou na criação da Petrobras por Getulio Vargas, tida como ícone sagrado, que devia ser mantida a qualquer custo longe de interesses espúrios de estrangeiros mal intencionados, sempre ávidos por se apropriarem de nossas riquezas a exemplo de Portugal com o ouro e os diamantes e a Inglaterra e os USA com os nossos minérios. Sob essa ótica, nacionalizamos o minério de Itabira, expulsando daqui o empreendedor americano Percival Farquar, dono da Itabira Iron & Coal e demonizamos os ingleses da St. John Del Rey Minning, assim como a Hanna Corporation e outras empresas, lugares comuns no meu tempo de faculdade, retratadas como Satanás nas peças e músicas da UNE Volante. O pior: tal xenofobia contaminava a todos, inclusive a mim e - o titular desse blog - que via com simpatia e até com ufania, os comunistas, estudantes profissionais encastelados na Praia Vermelha, como dignos e legítimos defensores da pátria verde amarela.
Se éramos cegos, eu duvido. Sempre nos foi ensinado e dado a conhecer o ufanismo do Brasil Grande, dono de todas as riquezas, espoliado por Portugal, pela Inglaterra e depois por Tio Sam que fez cartas geológicas falsas para provar que não tínhamos reservas do ouro negro, com olho grande não só no petróleo, mas também na Amazônia, nas cachoeiras, águas minerais, minérios estratégicos, urânio e pasmem: nas areias monaziticas das praias capixabas.
Quanta bobagem, quanta idiotice, quanta falácia em benefício de um atraso centenário que nos relegou ao triste time dos subdesenvolvidos. Hoje temos uma Petrobras totalmente saqueada, da mesma forma que os bolivarianos saquearam a petroleira da Venezuela, a exemplo de Angola, Nigéria e uma legião de nações atrasadas, cheias de dívidas. O dinheiro do petróleo enriqueceu a poucos, criou uma casta de bem aventurados, bem pagos e com todas as regalias, sugando como vampiros vorazes o sangue da maioria da nação, ainda carente de hemácias, em parcela significativa de brasileiros, mal alimentados, mal dormidos e maltratados em benefício de farsantes e mentirosos. O Brasil tem o tão decantado pré-sal, com reservas imensas conforme divulgação. Acredito. No entanto, cabe lembrar que o petróleo é uma mercadoria como outra qualquer, sujeita a uma lei que nenhum juiz ou governante, por mais poder que tenha, ainda não conseguir revogar. A lei da oferta e procura que Dilma Rousseff tentou desconhecer no caso da energia elétrica. Deu no que deu. Petróleo hoje no mundo existe com abundância e os preços foram para a profundeza do pre-sal. Petróleo sempre irá existir e só será indispensável para quem não conseguir desenvolver energias limpas e renováveis, A maior riqueza de um povo é o conhecimento. Lembrem-se todos os oráculos da riqueza do petróleo. A idade da pedra acabou não pela falta de pedra mas, pelo conhecimento de sucedâneos mais eficientes.
PS: em 1800, a economia do Brasil colônia era o dobro da economia de Portugal. Este dado, encontrado no último livro do historiador Jorge Caldeira, desmente de forma categórica a miríade do Portugal espoliador.
Urtigão (desde 1943)