Descrença - Crônica "Estado de Minas" - 21/04/2016

Quando o País entra em crise – e parece que ele está sempre em crise – recebo ligação de um angustiado Deus a me perguntar se não há como impedir que os fatos negativos continuem a acontecer em profusão no país.

Com a humildade decorrente de sua religiosidade, ele me pergunta se nunca tomaremos jeito de pôr ordem nessa casa chamada Brasil. Digo-lhe que nada posso fazer:

“Como controlar radicais em confrontos com políticos dominadores de currais eleitorais? – pergunto-lhe.

Ele também se diz desanimado embora continue fazendo orações diárias para que o Brasil encontre finalmente o caminho da harmonia, do progresso e do bem comum.

Mas insiste em perguntas impossíveis de responder:

- “Como tornar isto realidade se na hora de votar os radicais nunca cedem, nem desistem de seus pontos de vista enquanto os outros dizem que votam em nome dos filhos, da mãe de mais de cem anos à espera da morte, da tia que sempre tem fé de que as coisas vão mudar.

Quem sou eu para lhe dar respostas convincentes se ele deve ter argumentos mais consolidados sobre questões tão complicadas… Simplesmente lhe digo:

- “Quem sabe sobre os passos a serem dados nas sólidas pedras do caminho é você, Deus”.

Ele responde que mal consegue um emprego nesta crise e que não tem condições de sugerir alternativas para o país.

Por causa de sua religiosidade, meu amigo Dirceu ganhou o codinome de Deus. E sem qualquer pretensão divina, Deus simplesmente diz que desistiu e que o melhor é orar.

Oremos, pois.