Não sou publicitário e tampouco "mídia" de qualquer produto. No entanto, no desenvolvimento e administração de meus negócios, aprendi que o dia de sábado, em qualquer horário, é o pior da semana. Programa no sábado e consequentemente anúncio neste dia e salgar carne podre.
A Globo lançou há tempos um programa no sábado de manhã, cheio de inutilidades, no meu pensar. Encostou por lá um time de apresentadores, começando com a veterana Ciça Guimarães, incluindo a Patrícia Poeta, André Marques e o viajador Zeca Camargo. O programa é um amontoado de inutilidades, uma revista que ajunta medicina, receitas (se não tiver receita não serve), pequenos consertos e reparos, o tal de faça você mesmo (bricolagem nunca foi o forte de brasileiro) e cuidados com o lar.
Hospitalizado, sem ter o que fazer, vi-me obrigado a assistir um pouco da produção devido ao vício da minha mulher pela máquina de fazer doidos. Triste sina. Zeca Camargo, junto com um "especialista", ensinando a forma correta de trocar um butijão, pegando gancho de desastres acontecidos no Rio, decorrentes de explosões de gás. Na minha casa e nas casas em que morei, desde a minha saída do interior em 1959, e tome pensão e República nisso, nunca vi dona de casa trocar butijão. Se não são casadas com maridos prendados, tem vizinhos prendados e, se não lhes é dada essa graça, tem o padeiro, o açougueiro, um filho "nem nem" e qualquer outra forma de resolver o problema que não foi feito para mão de mulheres, por mais domésticas e donas de casa que possam ser.
Cito Zeca Camargo e seu especialista mas o programa é uma colcha de retalhos de ensinamentos que poderiam ser úteis, se não soassem inapropriados. Nunca cogitei saber a audiência do horário mas certamente deve estar no "volume morto" Daí, a pergunta: que fizeram às mães das donas de casa de hoje, onde estavam e não ensinaram às filhas o mínimo da vida do lar. Trocar butijão de gás, nunca. Trocar pneu de carro, também não, consertar torneiras, idem - só para citar algumas das situações que as administradoras do lar se deparam no dia-a- dia. Tirar manchas de roupa. Desengasgar uma criança, tirar manchas de móveis, limpar vidros e até socorrer criança que se empanturrou de areia.
Hospitalizado, sem ter o que fazer, vi-me obrigado a assistir um pouco da produção devido ao vício da minha mulher pela máquina de fazer doidos. Triste sina. Zeca Camargo, junto com um "especialista", ensinando a forma correta de trocar um butijão, pegando gancho de desastres acontecidos no Rio, decorrentes de explosões de gás. Na minha casa e nas casas em que morei, desde a minha saída do interior em 1959, e tome pensão e República nisso, nunca vi dona de casa trocar butijão. Se não são casadas com maridos prendados, tem vizinhos prendados e, se não lhes é dada essa graça, tem o padeiro, o açougueiro, um filho "nem nem" e qualquer outra forma de resolver o problema que não foi feito para mão de mulheres, por mais domésticas e donas de casa que possam ser.
Cito Zeca Camargo e seu especialista mas o programa é uma colcha de retalhos de ensinamentos que poderiam ser úteis, se não soassem inapropriados. Nunca cogitei saber a audiência do horário mas certamente deve estar no "volume morto" Daí, a pergunta: que fizeram às mães das donas de casa de hoje, onde estavam e não ensinaram às filhas o mínimo da vida do lar. Trocar butijão de gás, nunca. Trocar pneu de carro, também não, consertar torneiras, idem - só para citar algumas das situações que as administradoras do lar se deparam no dia-a- dia. Tirar manchas de roupa. Desengasgar uma criança, tirar manchas de móveis, limpar vidros e até socorrer criança que se empanturrou de areia.
O meu neto dias atrás quase tomou um porre de pinhosol, não sem antes se trancar no banheiro e outras cositas mas. A minha filha se houve bem, mas com os pepinos, não chamou bombeiros e tampouco a Guarda Nacional. Não que os problemas, apesar de comezinhos, não sejam graves, notadamente com o butijão de gás. Graves, sim, mas evitáveis, desde que executados por quem de direito, com técnica e competência.
Esse negócio de igualdade de sexos atrapalhou a vida das mulheres. Elas pensam ao contrário dos homens, seguindo a lógica de um professor de física que tive. Provava isso sem uso de equações complicadas ou conjecturas ao feitio de Poincaré. Preto no branco, ou branco no preto, pois naquele tempo não éramos racistas e o quadro era negro. Depois ficou verde e hoje é branco, próprio para canetas hidrocor. Os brancos não se importam e aqueles que assim agirem, nada a reclamar. Estão resgatando uma dívida histórica, segundo sociólogos e cientistas sociais. Deverão apanhar muito ainda pois a dívida é secular.
Em tempo: se sua criança comer areia e depois beber toda a água da torneira, não se apavore. Basta que você não dê cimento pro pestinha. Nas próximas, fique mais atenta e durma em paz.
Curtas
Minha saudosa mãe nunca foi dona-de-casa. Seis filhos para criar, trabalhando e estudando para compensar a perda da visão do meu pai, nunca teve tempo para as tarefas do lar. Fomos todos criados com educação e saúde, respeito aos pais e aos mais velhos e tarefas domésticas. Despojamento, mudas de roupa somente o necessário, sapatos somente um par. Comida e remédio nunca faltaram e também nunca faltou a "bendita" vara do castigo, no dizer do Padre Colombo, antigo pároco da Boa Viagem. Tarefas mais complexas, ficavam a cargo de meu pai, que mesmo cego desenvolveu muitas habilidades. A matriarca, de um metro e quarenta e sete centímetros (segredo de Estado) trabalhava de manhã à noite. Pariu seis filhos, teve quatro abortos e viveu oitenta e seis anos. Nunca sequer soube se faltava ou não o gas, que demorou a chegar é nossa casa. Essas tarefas sempre ficaram a cargo de meu pai. Que Deus os tenha. Ele e ela ém sua paz.
Minha mãe ganhou de presente de casamento um rolo de pastel, hoje conhecido como rolo de macarrão. Está comigo, íntegro e sem cupim. Tem setenta e oito anos. Pouquíssima uso. Quase nada de abrir massa de pastel e macarrão muito menos. Outrora símbolo do poder feminino no lar, o rolo tampouco serviu de arma dissuasória contra meu pai. Não foram recrutados para o casamento. Foram voluntários. Por isso deu tão certo. Quanto ao rolo, posso provar sua antigüidade. Resiste a qualquer teste de carbono 14.
Minha sogra tinha casco de tartaruga. Apanhou a vida inteira, nunca se lamentou e tampouco sofria de depressão e outros males do século. Caso duro. Arrogante e atrevida, nenhum homem conseguiu ascendência sobre ela. Tampouco eu, pois ela viveu em nossa companhia muitos anos. Tive a audácia de casar-me com filha única de pais separados. Com o sumiço do marido, meu sogro, que não conheci, casei-me com a filha e herdei a sogra. Cuidava da casa, uma gerentona no bom sentido. A filha, também trabalhava fora, em três. Horários, que nem minha mãe. No tamanho era um pouco maior. Metro e meio. Digo que era por que está diminuindo com a idade. Mas voltemos a sogra. Nunca trocou bujão de gás. Se acabava, apelava para um vizinho. Fosse quem fosse. A autoritária Djanira o obrigava a fazer a troca. Sem delongas.
Urtigão.(desde 1943)
Esse negócio de igualdade de sexos atrapalhou a vida das mulheres. Elas pensam ao contrário dos homens, seguindo a lógica de um professor de física que tive. Provava isso sem uso de equações complicadas ou conjecturas ao feitio de Poincaré. Preto no branco, ou branco no preto, pois naquele tempo não éramos racistas e o quadro era negro. Depois ficou verde e hoje é branco, próprio para canetas hidrocor. Os brancos não se importam e aqueles que assim agirem, nada a reclamar. Estão resgatando uma dívida histórica, segundo sociólogos e cientistas sociais. Deverão apanhar muito ainda pois a dívida é secular.
Em tempo: se sua criança comer areia e depois beber toda a água da torneira, não se apavore. Basta que você não dê cimento pro pestinha. Nas próximas, fique mais atenta e durma em paz.
Curtas
Minha saudosa mãe nunca foi dona-de-casa. Seis filhos para criar, trabalhando e estudando para compensar a perda da visão do meu pai, nunca teve tempo para as tarefas do lar. Fomos todos criados com educação e saúde, respeito aos pais e aos mais velhos e tarefas domésticas. Despojamento, mudas de roupa somente o necessário, sapatos somente um par. Comida e remédio nunca faltaram e também nunca faltou a "bendita" vara do castigo, no dizer do Padre Colombo, antigo pároco da Boa Viagem. Tarefas mais complexas, ficavam a cargo de meu pai, que mesmo cego desenvolveu muitas habilidades. A matriarca, de um metro e quarenta e sete centímetros (segredo de Estado) trabalhava de manhã à noite. Pariu seis filhos, teve quatro abortos e viveu oitenta e seis anos. Nunca sequer soube se faltava ou não o gas, que demorou a chegar é nossa casa. Essas tarefas sempre ficaram a cargo de meu pai. Que Deus os tenha. Ele e ela ém sua paz.
Minha mãe ganhou de presente de casamento um rolo de pastel, hoje conhecido como rolo de macarrão. Está comigo, íntegro e sem cupim. Tem setenta e oito anos. Pouquíssima uso. Quase nada de abrir massa de pastel e macarrão muito menos. Outrora símbolo do poder feminino no lar, o rolo tampouco serviu de arma dissuasória contra meu pai. Não foram recrutados para o casamento. Foram voluntários. Por isso deu tão certo. Quanto ao rolo, posso provar sua antigüidade. Resiste a qualquer teste de carbono 14.
Minha sogra tinha casco de tartaruga. Apanhou a vida inteira, nunca se lamentou e tampouco sofria de depressão e outros males do século. Caso duro. Arrogante e atrevida, nenhum homem conseguiu ascendência sobre ela. Tampouco eu, pois ela viveu em nossa companhia muitos anos. Tive a audácia de casar-me com filha única de pais separados. Com o sumiço do marido, meu sogro, que não conheci, casei-me com a filha e herdei a sogra. Cuidava da casa, uma gerentona no bom sentido. A filha, também trabalhava fora, em três. Horários, que nem minha mãe. No tamanho era um pouco maior. Metro e meio. Digo que era por que está diminuindo com a idade. Mas voltemos a sogra. Nunca trocou bujão de gás. Se acabava, apelava para um vizinho. Fosse quem fosse. A autoritária Djanira o obrigava a fazer a troca. Sem delongas.
Urtigão.(desde 1943)