Sádica Alegria - Crônica "Estado de Minas" 31/03/2013

Sem dúvida, vivemos um período da humanidade marcado por espantos sem fim, sejam decorrentes do desenvolvimento quase alucinado de transformações tecnológicas ou de atrasos que resistem ao tempo. Coisas novas surgem num piscar de olhos enquanto velhos preconceitos resistem para atormentar nossa vida.

Como comprova a História, é natural que seja assim.

Foi uma luta, por exemplo, acabar com o mercantilismo para fazer valer a liberdade econômica em paralelo ao avanço da ciência e da razão, embora ainda hoje persista um curioso movimento denominado “vanguarda do atraso” em contraponto a tantas novidades e pensamentos próprios da nova era cibernética.

Não é preciso voltar tão longe na História: a cada retrocesso surge um novo avanço. Os chineses, por exemplo, são mestres em abarrotar o mundo de bugigangas que à primeira vista parecem futilidades, mas com o tempo (se é que possam durar muito tempo) cumprem funções que não poderíamos imaginar.

A geringonça chinesa que chegou dos Estados Unidos tem trinta centimetros de altura, cinquenta de comprimento e largura de seis centimetros. Seu interior traz duas lâmpadas fosforecentes, protegidas por uma tela de metal, com objetivo específico de atrair inconvenientes insetos voadores.

As luzes atraem os bichos que estalam como pipocas contra a tela protetora e desperta nos usuários a sádica alegria de quem passou a vida em batalhas, em vão, contra os infernais pernilongos noturnos a sugaram nosso sangue na obsessão insuportável própria da categoria dos mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus.

Os chineses poderiam desenvolver torradores gigantes para serem colocado nas ruas contra o mosquito (ou será mosquita?) Aedes Egpits. Fica a sugestão nesse mundo em que nada é impossível.