Sem Solução - Crônica "Estado de Minas" - 28/04/2016

Com surpresa, os condôminos do prédio de apartamentos receberam convocação para reunião especial onde seriam tratados problemas que exigiam rápida solução.

No salão de festas, a síndica aguardava o pessoal, revelando preocupação e sinais de estresse. Apesar de algumas ausências, havia quorum para a assembléia que se iniciou com exposição oral dela pedindo a atenção de todos.

A seguir fez um histórico de sua administração e lembrou que tempos atrás, houve um consenso para realizar obras importantes no prédio e que, por isso, estabeleceu-se uma quota mensal extra. O dinheiro foi sendo guardado no banco até que começou a crise no país e, com a concordância de todos, a taxa mensal para as obras foi reduzida pela metade.

A síndica prendeu um pouco a respiração para informar que o dinheiro estava aplicado no banco mas que, infelizmente, muitos condôminos não tinham mais condição de pagar a contribuição extra diante da séria crise econômica do país que estava atingindo a todos.

Alguns tentaram contemporizar alegando que era um sonho que não devia ser interrompido. Propunham um debate para encontrar uma solução. A síndica informou que muitos estavam desempregados e que ela não sabia encontrar outra saída que não fosse a paralisação da cobrança e o que já fora arrecadado deveria ser usado nas despesas mensais do condomínio.

E encerrou a reunião de forma lacônica e desesperada:

- “Mesmo porque eu hoje fui despedida do emprego.

Houve um enorme silêncio e um a um todos foram saindo 
calados e cabisbaixos para seus apartamentos.