Urtigão: A Sedução da Monarquia

Palácio da Alvorada
Ser rei, imperador, sultão ou monarca sempre foi algo sedutor aos mortais que não têm sangue azul. 

No século XXI ainda temos muitos reis e outros dignatários donos de tal prerrogativa. Alguns, a exemplo do rei da Arabia Saudita, uma monarquia e um país que pertence a uma família, têm poder quase absoluto. O Marrocos tem rei, a Jordânia idem, os emirados tem seus potentados e a Europa ainda conserva várias monarquias, grão-ducados, principados e assemelhados. 

Coisa de causar inveja aos americanos, que quiseram fazer dos Kennedy um arremedo de uma monarquia. Uma nova Camelot, alusão ao Rei Arthur e sua Távola Redonda. Uma bela farsa, na qual a Guinevere/Jacqueline vivia humilhada pelas amantes do maridão, e o patriarca do clã de origem irlandesa, que fez fortuna especulando com alimentos durante a Grande Depressão e entregou a organização da festa de posse do filho, a Frank Sinatra e asseclas. 

Boas histórias que podem ser lidas no livro "O Chefão " de publicação recente. Nada do que foi descrito acima, tirou o brilho e a vontade dos americanos, uma democracia autêntica, de ter um rei, nem que fosse de mentirinha.

Os Americanos de língua latina sempre foram fascinados pela realeza. Tirante o Brasil, que foi vice-reinado e império, todos os outros latino-americanos sonharam ou sonham em ter um rei. 

O México, o país dramalhão, teve um imperador. Brega e trágico, sobrinho de Napoleão, deposto e assassinado. Coisa de mexicanos. Os outros países, adoram um caudilho, personificação rombuda de um rei, monarca tosco, espécime encontradiça do rio Grande a Patagônia .

Meditando sobre o desejo recôndito de termos reis, cheguei a triste conclusão: todos os nossos mandatários moram em palácios. Complexo de rei. De Roraima ao Rio Grande do Sul, todos os governadores tem palácio. Muitas vezes, mais de um. 

Em Minas, pelo menos três, pois o nosso Pimentel teima em só despachar no Palácio da Liberdade, desconhecendo o novo palácio Tiradentes. E ainda mora no Mangabeiras. Haja serviçal e utensílios para tantas residências oficiais. 

Em Brasília tem palácio da Alvorada, Granja do Torto e até um palácio para o vice-presidente, que hoje é presidente em exercício.

Precisamos criar um movimento contra os palácios. Nada contra os reis. Aqui só temos reis da noite, do carnaval, do tráfico é um meio fora de moda: O rei do jogo de bicho.

Deveremos lutar contra os palácios e castelos. Até na música popular o sambista canta: se acaso você chegasse no meu "chateau "encontrasse... Chateau é castelo. Entenderam?

Precisamos fazer dos homens públicos, homens comuns. Respeito sim, a quem merece.

Liturgia do cargo, cerimonial, regras de etiqueta, sim. Nada de palácios. Somente temos uma família real, que não luta pelo trono de Pedro II. Monarquia e palácios apenas na Inglaterra, que convive bem com a democracia e ainda rende bons frutos. Palácio por aqui, definitivamente não.

Notas

1) Se estava com saudade de José Dirceu e outros menos cotados. Também estou saudoso de Marco Aurélio Garcia, Gleisi Hoffmann, Ideli Salvatti, João Pedro Stedille, José Guimarães e outros. Quem sabe a moda pega e mandam prendê-los por estes dias. Sem falar no Grão Vizir, Luiz Inácio. Aí seria como ganhar na mega sena.

2) Assisti no "Roda Viva" a entrevista de Delcidio do Amaral. O Antonio Fagundes do pantanal tem muita coisa para contar. Na televisão escondeu o jogo, mas mostrou as penas que se puxadas se tornam galinhas. Um luxo!!!!! Tratem bem o digno ex-senador e ele renderá bons frutos. No final dessas histórias teremos muitos "heróis " tais como Delcidio, Eduardo Cunha e o grande precursor Roberto Jeferson.

Seremos eternamente gratos aos senhores acima nominados. Que Deus os proteja.

Urtigão (desde 1943)