Difícil Descarrego - Crônica "Estado de Minas" - 12/05/2016

Por mais que o mundo rode e a caravana passe, certos vícios permanecem como num karma adquirido desde que nos entendemos por gente.

Um deles é não conseguir desgarrar de vícios, de idéias ultrapassadas, de sentimentos cruéis e de pecados que parecem não fazer mais sentido num mundo que anda em busca incessante de liberdade, sangue e lágrimas.

Desgarrar do poder, Deus nos livre, pois sempre queremos mandar, ditar regras, agir como deuses nem sempre santos.

E não adianta alguém provar por A mais B, pois jamais cederemos à voz firme da razão.

Quantas vezes não deixamos prevalecer o bom senso por apego a causas sonhadoras, perdidas antecipadamente, seja em termos de ideais ou de alternativas políticas.

Talvez seja por simples afirmação e por não querer dar trela a discussões que desemboquem em surpreendente racionalidade dos litigantes.

Desgarrar de jóias desgastadas, de objetos obsoletos, de roupas tristes e já poídas, de segredos que perderam sentido ao longo do tempo ou desgarrar de raivas a velhos chatos de galocha que com o tempo perderam a arrogância ou a vaidade extremada de ser donos da verdade absoluta.

Por quê não desgarrar de cargos para os quais não temos competência ou de ideologias ultrapassadas num mundo desesperado por mudanças para a vida seguir em frente?

Como faz bem saber que alguém se desgarrou de neuroses e de pesadas cargas de emoções desatinadas.

Mas problema sério mesmo é quando em nosso time de coração a diretoria não consegue de jeito nenhum ceder à razão para não se descarregar de um técnico teimoso.

Aí é triste demais.