Sinto-me mais atraído pela Bela Adormecida. Em que pese a pseudo-infantilidade do conto de fadas, a bela encantada talvez se adeque melhor à desgraça brasileira. Acordar por um beijo de um príncipe encantado. O condutor para um futuro feliz, tal qual o mito de Dom Sebastião, tão ao gosto dos brasileiros.
Estamos sempre a espera de um salvador da pátria. Nem que fosse o tosco salvador encarnado por Lima Duarte, no papel de Sassa Mutema, no folhetim da Globo.
As notícias são ruins. Procurar por notícias boas só se for em jornais suíços ou da Nova Zelandia. Se não estamos lá, fiquemos com as notícias da Banânia.
Notícias de gravações de Sérgio Machado, ex diretor da Transpetro. Para quem não sabe, essa empresa atrás da sigla, é responsável pela maior parte do transporte de gás no Brasil, de óleo bruto ou refinado. É uma empresa gigante, entregue a um moderno Juruna, de gravador em punho, a colocar em evidência as conversas que teve com outros de sua laia: Sarney, Renan e Romero Juca. Outros virão, sem surpresa. Esse foi o preço combinado pelo vagabundo para merecer os benefícios da delação premiada e ter a sua pena amenizada às custas da entrega, de bandeja, dos outros crápulas que infestam a cena política brasileira.
Enquanto isso, o PT festeja. Festejar o quê? São mais sujos do que "pau de galinheiro" e se esquecem que todos os "dedados" por Machado, foram fiéis aliados da sigla desde 2003. Vitória de Pirro ou pior: alegria curta e efêmera de pobre.
Notícias ruins: do Rio de Janeiro, que entrega os anéis e os dedos por uma olimpíada, nos chega a notícia de uma adolescente, de dezesseis anos, mãe de um filho, viciada em drogas, estuprada por trinta homens, com direito a imagens e diálogos em redes sociais.
Algo brutal que nos choca e nos humilha. Infelizmente, dentro de um tempo não muito longo, estaremos acostumados. Viva o Brasil.
Ainda do Rio, a notícia de falta de lugar para colocar cadáveres no IML da Leopoldina, no centro da cidade.
Familiares à espera de autópsias e liberação de corpos. Gente humilhada a clamar por serviços públicos que a ela são negados. Tudo por uma olimpíada.
Voltemos ao conto de fadas. Estamos adormecidos, em sono cataléptico à espera de Dom Sebastião. Precisamos de um salvador da pátria e ele nunca aparece. Pena que não saibamos que os salvadores somos todos nós, que se acordarmos para reinvindicar o que nos é devido, se tirarmos os políticos pela via legal, o voto, talvez possamos acordar o gigante eternamente adormecido. Ainda este ano teremos eleições municipais. Usemos nosso direito e façamos um expurgo nas prefeituras e câmaras municipais.
A corrupção no nível municipal é igual ou pior do que as de outras esferas. Se não o fizermos, nos restará observar a festa das olimpíadas e depois delas, acordar numa abóbora tal qual a Cinderela.
Triste constatação: vivemos num conto de fadas e precisamos sair dele o mais rápido que pudermos.
Notas:
1) Nada mais justo do que os brasileiros, sobretudo os de esquerda, terem inveja doentia dos USA. Saiu um ranking de avaliação de universidades da América Latina. Ficamos bem na fita. A USP em primeiro lugar, entre dez, a Unicamp em terceiro, a UFRJ em quinto e a UFMG em nono. O cotejamento foi feito por uma revista inglesa, de nome “Times Higher Education”. Coisa séria.
Alegres? Agora a tristeza: no mundo a USP ocupa a posição 143.
Mais tristes ainda: entre as dez melhores, oito são dos Estados Unidos e Harvard em primeiro lugar pela décima terceira vez consecutiva.
Inveja mata!!!!!
2) Educação e "espírito de corpo" de diplomatas é algo assustador. Durante toda a gestão Lula e posteriormente de Dilma, nunca ouvimos um diplomata sequer mencionar a presença espúria e absurda de Março Aurélio Garcia, também conhecido como Dragão de Cômodo, em razão do veneno que traz na boca, como algo estranho e distorcido nas políticas do MRE, sempre com viés esquerdista e protetor de ditaduras sanguinárias.
Agora, com a presença de um novo titular no Itamaraty, já ouvimos, pelo menos de diplomatas retirados da "la carrière" sobre as mudanças e a independência da doutrina que o Ministério de Relações Exteriores passa a ter.
Urtigão (desde 1943)