Na minha fraca opinião, não existe nada mais digno do que se retirar da vida pública ou do estrelato em afastamento voluntário antes de começar a cair no ridículo.
A constatação acima se aplica a políticos, homens de negócios e, sobretudo, artistas.
Até a retirada de Fernando Henrique Cardoso da política não tínhamos a figura do ex-presidente. Diferentemente dos USA, onde a retirada é praxe e muitos desfrutam após a saída, do respeito e da admiração do povo americano. Tenham sido bons ou maus presidentes. São respeitados na sua terra e, às vezes, até fora dela.
Dito isso, vamos ao alvo. Um dos maiores humoristas do Brasil, um perfeito multi-artista, escritor, diretor teatral, artista de cinema e durante anos, o maior entrevistador masculino do Brasil, assistimos diariamente, com tristeza o ocaso de Jo Soares.
No início da madrugada, lá vem José Eugênio Soares com as suas entrevistas.
Nada contra a cópia deslavada dos "talk shows" americanos. Se dava certo lá, porque não fazê-lo aqui. Melhor ter uma forma comprovadamente eficaz do que se arriscar em idéias nativas, passíveis de dar errado. A fórmula importada foi feita, deu certo e por anos a fio, na Globo, no SBT e de novo na Globo, aprovou. Formador de opinião, dono de público pequeno mas qualificado, com repercussão certa na grande imprensa .
Um sucesso inquestionável.
Infelizmente, tudo cansa. Antes de cansar a fórmula, cansa o artista, do alto de seus quase oitenta anos, egresso de acidentes com motocicleta e de algumas doenças que ajudaram a apagar o brilho do gordo, à época, o mais amado do Brasil.
Não sei até que ponto influíram no desempenho de Jô Soares, a perda do filho e do amigo e produtor Max Nunes. Certamente influência houve. Perdas irreparáveis deixam feridas abertas que demandam tempo, o que às vezes já não é ativo disponível na vida de quem fica.
Confesso que já gostei muito de José Eugênio Soares. Desde priscas eras, de sua atuação na Família Trapo, como intérprete no Programa da Hebe (lembro-me de uma memorável entrevista do dr. Barnard), logo após o primeiro transplante de coração. Hebe se derretendo pelo médico charmoso e bonitão e Jô Soares traduzindo toda a conversa, discreto e atento, deixando o palco para seus titulares. Ainda assumindo a coxia que lhe cabia no momento.
Soube galgar o estrelato com tenacidade e elegância. Chegou à ribalta por mérito próprio e hoje engatinha como astro, procurando de forma tosca, um brilho de aluguel (com licença de João Bosco).
Não vou tocar nas posições políticas do Gordo, de esquerda, a exemplo de seu velho amigo comunista Max Nunes. Deixarei de lado a falta de respeito e o humor rasteiro às custas de seus convidados.Tenho respeito por Jô Soares. Por esse motivo, peço-lhe para rever o seu programa, inclusive o detestável quadro "Meninas do Jô", que só empobrecem a discussão política nacional. Por toda a sua obra e pelo respeito que merece de todos brasileiros, eu peço com humildade ao Gordo: deixe a ribalta com dignidade. Não reencarne Sarah Bernhardt, aliás, personagem de um de seus livros.
A constatação acima se aplica a políticos, homens de negócios e, sobretudo, artistas.
Até a retirada de Fernando Henrique Cardoso da política não tínhamos a figura do ex-presidente. Diferentemente dos USA, onde a retirada é praxe e muitos desfrutam após a saída, do respeito e da admiração do povo americano. Tenham sido bons ou maus presidentes. São respeitados na sua terra e, às vezes, até fora dela.
Dito isso, vamos ao alvo. Um dos maiores humoristas do Brasil, um perfeito multi-artista, escritor, diretor teatral, artista de cinema e durante anos, o maior entrevistador masculino do Brasil, assistimos diariamente, com tristeza o ocaso de Jo Soares.
No início da madrugada, lá vem José Eugênio Soares com as suas entrevistas.
Nada contra a cópia deslavada dos "talk shows" americanos. Se dava certo lá, porque não fazê-lo aqui. Melhor ter uma forma comprovadamente eficaz do que se arriscar em idéias nativas, passíveis de dar errado. A fórmula importada foi feita, deu certo e por anos a fio, na Globo, no SBT e de novo na Globo, aprovou. Formador de opinião, dono de público pequeno mas qualificado, com repercussão certa na grande imprensa .
Um sucesso inquestionável.
Infelizmente, tudo cansa. Antes de cansar a fórmula, cansa o artista, do alto de seus quase oitenta anos, egresso de acidentes com motocicleta e de algumas doenças que ajudaram a apagar o brilho do gordo, à época, o mais amado do Brasil.
Não sei até que ponto influíram no desempenho de Jô Soares, a perda do filho e do amigo e produtor Max Nunes. Certamente influência houve. Perdas irreparáveis deixam feridas abertas que demandam tempo, o que às vezes já não é ativo disponível na vida de quem fica.
Confesso que já gostei muito de José Eugênio Soares. Desde priscas eras, de sua atuação na Família Trapo, como intérprete no Programa da Hebe (lembro-me de uma memorável entrevista do dr. Barnard), logo após o primeiro transplante de coração. Hebe se derretendo pelo médico charmoso e bonitão e Jô Soares traduzindo toda a conversa, discreto e atento, deixando o palco para seus titulares. Ainda assumindo a coxia que lhe cabia no momento.
Soube galgar o estrelato com tenacidade e elegância. Chegou à ribalta por mérito próprio e hoje engatinha como astro, procurando de forma tosca, um brilho de aluguel (com licença de João Bosco).
Não vou tocar nas posições políticas do Gordo, de esquerda, a exemplo de seu velho amigo comunista Max Nunes. Deixarei de lado a falta de respeito e o humor rasteiro às custas de seus convidados.Tenho respeito por Jô Soares. Por esse motivo, peço-lhe para rever o seu programa, inclusive o detestável quadro "Meninas do Jô", que só empobrecem a discussão política nacional. Por toda a sua obra e pelo respeito que merece de todos brasileiros, eu peço com humildade ao Gordo: deixe a ribalta com dignidade. Não reencarne Sarah Bernhardt, aliás, personagem de um de seus livros.