Urtigão: O Uso do Cachimbo faz a Boca Torta, mas o Hábito não Faz o Monge

Não deveria estar escrevendo. Fiz uma cirurgia de catarata. Sou paciente que demanda cuidados: velho, cardiopata e saído de uma dengue com complicações que quase levaram-me a uma septicemia. Enfim, graças a Deus estou vivo. Ele teve a complacência de devolver-me ao destinatário.

No que pude, devido às limitações acima citadas, observei todas as movimentações políticas do dia. Os impropérios de Dilma Rousseff rodeada de figuras carrancudas e raivosas, a figura decadente de Lula e os deprimentes pseudo-discursos da belo-horizontina infeliz, que num belo dia meteu-se a governar um país que, na observação de Tom Jobim, não foi feito para amadores.

Antes, já havia acompanhado toda a sessão do Senado que, com raras e honrosas exceções, pouco acrescentou. Se bem não acrescentou, também não comprometeu, mesmo se olharmos a beligerância de defensores do pior governo que tivemos no Brasil, desde 1889.

Uma lástima.

À tarde, ouvi com atenção toda fala de Michel Temer. Não pretendeu fazer discurso nem tampouco festejar e tripudiar sobre os vencidos. Em uma fala despretenciosa e sem rebuscados, expôs de forma objetiva e sucinta, a resenha dos males deixados pelo PT.

Eis que à noite me proponho a ouvir o jornal das dez da Globonews para ouvir as análises dos comentaristas de política do noticioso, que tem Renata Lo Prete como editora.

A prestigiada jornalista foi alçada à glória nacional pelo seu trabalho e, mais ainda, pela sua memorável entrevista com Roberto Jeferson que trouxe à tona o mensalão. Notável feito.

Credite-se a ela, ao jornal e ao deputado, um enorme favor a Nação.

Infelizmente, a jornalista hoje me decepcionou.

Ao analisar o discurso despretensioso de Temer, classificou a fala de retrô. E mais ainda: um discurso em que se ouviu até mesóclise.

Não sei o que aconteceu com a jornalista. Talvez, acostumada à fala chula e pobre de outros políticos, a começar pelo próprio Roberto Jeferson, um notório usuário de palavrões (digo isso porque o conheci pessoalmente) e passando por Lula e seus asseclas, culminando com Dilma Vana Rousseff, uma costumeira usuária de palavrões e outras barbaridades, narradas diariamente por jornalistas da corte (vide blog do Noblat).

Sinceramente. Num dia tão cheio de fatos e possíveis consequências, a jornalista critica a fala correta de um político que conhece Língua e dela faz bom uso. Talvez, Renata tenha sentido falta do Português mal falado ou até do "dilmës", língua paupérrima e quase ágrafa que é marca registrada da senhora Rousseff. Quem sabe sentiu falta das gravatas vermelhas, ausentes na reunião em torno de Temer. Talvez tenha ficado saudosa dos rostos com barbas sujas e ralas de gente mal ajambrada não pela condição social, mas mal-educados por convicção, fiéis ao estilo implantado pela república cleptocrata e sindicalista.

Proponho dar mais tempo a Renata Lo Prete.

Convivendo com os novos frequentadores do Palácio do Planalto,quem sabe volte aos bons tempos da Folha e ao convivio com pessoas educadas .

Urtigão (desde 1943)