Verão Intenso, Inverno Quente - Correspondente Internacional

O verão está chegando no hemisfério norte do nosso querido planeta azul. Em uma região localizada a oeste de Greenwich entre os meridianos 70o e 125o e paralelos 30o e 60o existe um vasto território de dimensões continentais que emergiu devido a inúmeras guerras, aquisições, apropriações e 240 anos de “ocupação” anglo-saxã. Este território conhecemos hoje como “United States of America” ou para os íntimos USA. Na USP os professores de história gostam de acentuar que na verdade “eles” são “Estados Unidos da América do NORTE”. Já que ao sul do equador existe outro vasto território, também de dimensões continentais, que emergiu de uma “ocupação” portuguesa e que se chama de Estados Unidos do Brasil.

Este verão nos EUA segundo o Weather Channel deverá registrar temperaturas acima das médias históricas dos últimos 100 anos. Com o volume de CO2 ainda em alta e La Ninã passando por aqui, os ponteiros dos termômetros devem passar dos 45oC nas planícies do norte e na região dos grandes lagos. Também no norte da costa leste sentiremos o famoso ‘bafo do capeta”. Mudança climática. 100 anos atras a temperatura nas mesmas regiões não chegavam aos 35oC durante o pico do verão.

Os EUA possuiu uma geografia variada. Vastos vales férteis no centro do território, montanhas de até 4.421 metros no Colorado, desertos no oeste, pântanos no sul e quase nada em Montana. Também possui uma história “variada”. Depois de sofrerem pela independência e de uma violenta guerras civil, os EUA aboliram os mais de 300 anos de escravidão, definiram com muito sangue e filmes do John Wayne as bordas com seus índios e chegaram a um acordo com os mexicanos. Se acalmaram um pouco até a chegada da 2o guerra mundial. Não que o País tenha parado de guerrear. Mas hoje vive importantes guerras existenciais internas. Visivelmente demonstradas durante as primárias dos dois partidos.

Um novo verão iniciar-se-a no próximo dia 20 de Junho. Antes porem teremos a última “primárias” dos candidatos democratas. No dia 14 de junho o pequeno Distrito de Columbia banhado pelo Rio Potomac e também conhecido como Washington DC indicará os últimos delegados desta peleja. Os noticiários da noite irão noticiar o vencedor(a) com o maior número de delegados. O que não significará literalmente NADA. Como escrevi no artigo anterior http://blogdomariobh.blogspot.com/2016/04/yippie-yi-yo-kayah-cowboy.html, este ano quem decidirá serão os super-delegados democratas. O verão será intenso pois o debate político sairá do Distrito de Columbia e se estenderá até o final de Julho em uma histórica convenção na Philadelphia.

O local da convenção democrata volta a ser em Philly depois de 68 anos. A última vez tinha sido em 1948 quando o presidente Harry Truman conseguiu sua indicação e consequentemente seu “segundo” mandato. O vice-presidente Truman tinha assumido o cargo após o AVC e morte de Franklin D. Roosevelt em Abril de 1945. Durante os 68 anos que separam as duas convenções democratas as mudanças foram exorbitantes. Os Europeus que com o final da guerra viram o surgimento de uma possível potência. A partir da década de 50 efetivamente comprovaram a evolução economica e social do outro lado do atlântico. Mas não em todos os estados. Quem viveu em Boston, Massachussets nos anos de 1950 provavelmente hoje não reconhece o bairro onde nasceu. No outro extremo, quem morava em Jackson, Mississipi provavelmente sabe que muita coisa importante não mudou.

Depois de ter se tornado a maior e mais estável democracia do nosso querido planeta azul. O ano de 2016 traz novos e velhos problemas aos púlpitos dos candidatos. Seguro social ineficiente, Saúde pública com erros graves, Reforma do financiamento de campanha se faz necessária. Reforma civil tem que ser revista urgentemente. Inequalidade e falta de ascensão social se mostra uma epidemia… Esperem ai…estamos falando dos problemas dos Estados Unidos do Norte ou do Sul?

O interessante do mundo é que os problemas se repetem durante as gerações. A questão é mais se desta vez os(as) escolhidos(as) irão efetivamente querer e poder avançar. No caso de Harry Truman é inquestionável que avançou. Será que a Hillary Clinton terá força suficiente, menos problemas com seus emails e articulação política para a reta final apesar de continuar sendo uma “insider”? Bernie um pouco mais consciente e muito mais socialista sabe o tamanho das dificuldades. Por isso se mantém firme na posição, poetisando para os jovens que só com a ajuda deles mudanças irão ocorrer. Jovens? Eles sabem o que querem? Do outro lado, um Trump amarelo e branco grita e esperneia para todos os lados que só ele conseguirá transformar os EUA em uma grande potência novamente. “Again? How? Nobody knows!”

As eleições gerais acontecerão durante o inverno. 8 de Novembro para ser preciso. A previsão é de um dos invernos mais frios dos últimos anos…

Iremos evoluir e parar de ter temperaturas altas e baixas dentro e fora de Washignton?

Que rufem os tambores…