Recordar é Viver - Crônica "Estado de Minas" 28/07/16,

O tempo parece parar quando nos recordamos de outras épocas menos velozes, menos práticas e mais risonhas.

Foi assim ao nos lembrar do galinheiro suspenso, todo em ripas de madeira, projetado e construído por Joãozito no quintal da casa da rua Itú sob o argumento de que seriam melhor aproveitados os dejetos das galinhas considerados excelente adubo para a honesta horta de Dona Maria.

Joãozito, então já aposentado, não se contentou com aquilo e projetou uma forma de colocar o cão chamado “Cavaco” preso a um arame suspenso permitindo a ele gozar de semi-liberdade de correr de lá pra cá no pequeno quintal da casa.

Detectou-se que “Cavaco”, preso ao cabo, passou a sofrer complexo de ônibus elétrico, novidade no transporte coletivo da época que, através de cabo elétrico, trafegava na rua da Bahia, da Escola de Engenharia até o Santo Antônio.

“Cavaco” e Joãozito geraram a recordação de uma série fatos inusitados, como a aquisição pelo Humberto de uma camionete com a carroceria coberta por lona, muito usada para levar Niná e Maria às compras na rua Jacuí. Até que uma vez, quando Humberto esperava a esposa e a sogra no veículo, foi assaltado pelo que na família era chamado do trágico e incontrolável “terceiro sinal”.

Sem ter para onde recorrer, Humberto usou a cobertura da carroceria da camionete para se “aliviar” e, como sempre previdente, levou o veículo em seguida para uma limpeza geral no posto de gasolina que ficava ao lado.

Outros fatos foram lembrados na reunião da tarde/noite de todo domingo, provocando outros “frouxos” de riso nesses tempos em que perdemos a naturalidade e a graça da vida conectada aos recursos midiáticos super-modernos.