Durmo com o rádio ligado e as novidades chegam cedo. Hoje tivemos uma volta ao passado. De novo nas manchetes o "empresário" de jogos Carlinhos Cachoeira ou Charlie Waterfalls para a imprensa estrangeira. Em inglês fica mais sofisticado, principalmente se junto dele aparece um certo Cavendish, nome de prestigio nesses dias em que a Inglaterra está nas manchetes.
Nome da operação: Saqueadores. Melhor impossível!!! Lembrar que o sr. Cachoeira já foi objeto até de CPI e tinha como advogado o Dr. Márcio Thomas Bastos, recém saído do Ministério da Justiça, ninguém lembra. Isso foi nos dias de glória do PT e o famoso advogado era conhecido entre seus pares como God, o Deus dos criminalistas, que deixou uma fortuna de cerca de 400 milhões de reais de herança. Advogado de total influência, fazedor de ministros dos tribunais superiores, ao lado do bicheiro nas reuniões da CPI. Muito sintomático do período em que vivíamos, no qual Lula e seus asseclas tudo podiam no Brasil emergente, rico e respeitado.
A bonança durou pouco. Tempo suficiente para colocar o Brasil na maior crise já vivida pela nação, desde a Proclamação da República. Época de gente sem escrúpulos, sem medo da justiça, a mesma justiça que começou a ser feita na Ação Penal 470 - O Mensalão. Naquela época eu escrevi que se os Estados Unidos da América teve entre seus fundadores um Jefferson, aqui também tivemos o nosso. Bendito seja Roberto Jeferson, um sacripanta sem nenhuma duvida, mas que deu a partida em um processo civilizatório que levou a justiça pátria a punir culpados poderosos a despeito de pressões e correntes contrárias.
O Mensalão foi o começo. A Lava-jato, que deveria ter o seu nome trocado para Lava-Alma, deu sequência a um círculo virtuoso, que não tem mais volta. O retorno de Carlinhos Cachoeira para a cadeia não é uma volta ao passado. É consequência da maré de justiça que percorre o Brasil. Durante esta semana, tivemos operações todos os dias. Operação Tabela Periódica, conseqüência de delação premiada do pessoal da Andrade Gutierrez, que desemboca na Ferrovia Norte-Sul, tocada por uma estatal de nome Valec, capitaneada por um senhor que acode pelo apelido de Juquinha. Outras virão no decorrer dos próximos dias.
Nada melhor do que cadeia para quebrar a arrogância de quem se julga acima das leis.
O Brasil honesto reclama há muito por dias melhores, com observância das leis e o fim da impunidade de políticos. Que se julgam autoridades e não se lembram que para exercerem a tão decantada autoridade, tiveram de ter autorização do povo honesto e trabalhador.
Urtigão (desde 1943)