Urtigão: Não Obra e Nem Sai da Moita

Na última edição da revista Veja, o articulista e escritor Roberto Pompeu de Toledo faz um paralelo entre a política inglesa e a política brasileira. Muito mais humilhante do que os 7x1 que a Alemanha nos impôs no Copa do Mundo.

Afinal, mesmo sendo um campeonato mundial, disputado em nossos gramados, aliás, no Mineirão, tratava-se apenas de uma partida de futebol, que pode ter revanche, desde que tenhamos tento (sem trocadilho) e vergonha na cara para moralizar o esporte bretão em Pindorama. Somos penta-campeões mundiais e temos massa crítica para produzir bons jogadores ainda por muito tempo. Assim espero.

Diz Roberto Pompeu de Toledo em parte de seu artigo: "Na Inglaterra, a celeridade, a decência e a dignidade marcaram a transição no poder". Nada mais lógico: as regras da democracia são mais claras do que as que regem a arbitragem do futebol.

Rei morto, rei posto. James Cameron não precisava deixar o governo. Ele foi eleito pelos seus pares e liderava a maioria. No entanto, por ter prometido em campanha que submeteria aos súditos da Rainha, em referendo, a opção de ficar ou sair da União Européia e por ter liderado a campanha a favor de ficar, a derrota lhe impôs a saída do cargo de principal mandatário.

Vinte dias apenas transcorrido todo o processo, sai Cameron, aplaudido pelos seus colegas, correligionários ou adversários, deixando em seu lugar, Theresa May, competente parlamentar, ex-ministra do interior. Cameron saiu de Downing Street cantarolando e deixou para a senhora May a administração dos problemas e o gato Larry, bichano oficial da residência do Primeiro Ministro. Uma lição de democracia, competência e dignidade no trato político.

Aqui, Dilma Vana Rousseff esperneia, cercada de acólitos e comparsas, a gastar o dinheiro da "viúva", com um séquito de cento e vinte serviçais e auxiliares. Essa senhora, infelizmente nascida em Belo Horizonte, insiste em teorias absurdas de um golpe imaginário, urdido por adversários derrotados para apeá-la do poder. Algo digno de Jorge Luis Borges e seus seres imaginários, descritos em seu livro de bichos fantásticos.

A senhora Rousseff deu imensas provas de sua falta de raciocínio, uma figura incapaz de assoviar e andar em linha reta, inapta para formular um pensamento lógico e mais, de uma ignorante funcional, que lia com dificuldade os textos projetados no tele-prompter. Um desastre sem precedentes, que teremos de aturar até o julgamento final de seu afastamento.

Se lhe restasse um pouco de inteligência e dignidade, nada mais lógico do que uma renúncia. Teria o respeito dos brasileiros e poderia passar para a história como uma Presidente que reconheceu sua incapacidade e deixou o cargo. Nada trágico como fez Getulio Vargas ou atabalhoado como Jânio Quadros. Ao primeiro, sobrava vergonha e amor próprio. Ao segundo, sobrava loucura e vapores etílicos. Na minha opinião, de reles observador com setenta e dois anos de janela, Dilma está intoxicada de teorias marxistas não digeridas, que lhe provocaram uma tremenda prisão de ventre. Não obra e nem desocupa a moita.

D. Dilma, mire-se nos ingleses, gestores da mais antiga democracia do planeta: faça algo pela sua biografia e caia no ostracismo como os ex-primeiros ministros ingleses e ex-presidentes americanos. Tenha um fim de vida digna.



Urtigão (desde 1943)