Urtigão: O Ornitólogo Sérgio Moro

Estou lendo o livro de Vladimir Netto, intitulado Lava Jato. Um livro reportagem feito com pleno respeito aos fatos. Chega dessa história de "Deus é brasileiro". Muito mais apropriado o ditado "Deus ajuda a quem cedo madruga"

Ninguém pode negar que a mais bem sucedida operação deflagrada no Brasil contra a corrupção envolvendo empresários, empreiteiros, lobistas e sobretudo políticos desonestos, foi uma conjunção de fatos e suas consequências, que juntaram competência, vontade de trabalhar duro, pertinácia e espírito de corpo, no bom sentido. Deu tudo certo porque houve num raro momento, a chance de ajuntar o que havia de melhor na Justiça - Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal. 

Daí, bastava ter coragem e fazer aquilo que outros nunca fizeram: investigar com inteligência, ligar fatos e o que é mais difícil: livrar as operações e as prisões dos inúmeros recursos que a legislação penal brasileira coloca à disposição de malfeitores.

Não podemos culpar as leis. Elas são fruto de um estilo de Direito herdado das tradições ibéricas e lapidado ao sabor e ao gosto dos legisladores brasileiros.

Tudo feito na medida para escapar da justiça. Não acredito em astrologia e tampouco em sorte mas a saída de Márcio Thomaz Bastos, levado pela mais implacável justiceira, da qual ninguém escapa, foi um fator relevante. A morte às vezes chega na hora certa.

Altos Juízes de Deus!

Coloquei o título desse artigo de "O Ornitólogo Sérgio Moro". Afinal, justiça seja feita (sem trocadilho), nenhum juiz, em tempo algum no Brasil lidou com tantos pássaros raros e ariscos. E ninguém em nossa atabalhoado historia, conseguiu uma cantoria tão bonita e eficiente. Com Sérgio Moro e sua gente, até pássaro mudo canta. Depende somente de paciência, trato certo e ração correta. Uns menos e outros mais em alguma hora abrem o bico. E não adianta cantar fora do tom. A República de Curitiba é que dita o diapasão.

Alguns espécimes chegam lá achando que desafinarão a harmonia. Nada feito. Enquanto não entram no registro certo da música, nada feito. E tome gaiola até aprender a cantar.

Meu velho pai, já morto, ficou cego e resolveu criar canários. Chegou a ser o maior criador de canários "roller" de Minas. Com paciência, dedicação e muita observação, criou um plantel admirável. Nunca improvisou. A turma de Curitiba seguiu na mesma toada. Sabem lidar como ninguém com pássaros raros e ariscos. Souberam criar uma sinfonia que se tornou a mais ouvida e curtida pelos brasileiros honestos. Deus ajude que outros maestros competentes como Sérgio Moro que existem na magistratura brasileira se animem e comecem a montar suas orquestras. A Pátria agradece.

Em tempo: o tema me foi sugerido pelo meu sobrinho Marcelo, biólogo, naturalista e um dos mais renomados ornitólogos brasileiros. Segundo ele, para lidar com seus pássaros, o Juiz Moro é imbatível


Nota:
Dois pássaros raros começaram a piar. João Santana, apelidado pelo titular desse blog como Goebells brasileiro e sua mulher abriram o bico hoje. Ainda não estão afinados com o pessoal de Curitiba. Questão de tempo: daqui uns dias teremos um curió de muitas flautas: é uma cotovia.

Esperem e verão.