Urtigão: O Pato Donald e a Indústria Criativa

Donald Duck durante visita ao Brazil
O correspondente internacional deste blog nos brindou com um artigo soberbo, no qual faz uma resenha completa do pato Donald, para no final tecer comparações com o Donald que assusta os americanos: Donald Trump e seu penteado de "tomar emprestado". Deixa crescer de um lado e transfere para o outro, disfarçando a calva. Se ventar contra, lá se vai a impostura cosmética, aliás, mais aparente do que o cidadão que a ostenta.

Deixemos Trump de lado. Nada sei de política americana, apesar de ter nascido sob a presidência de Franklin D. Roosevelt.

Vamos ao que interessa: a indústria criativa. Os americanos são imbatíveis na chamada economia criativa e Walter Elias Disney, um dos maiores expoentes desse tipo de negócio.

Criou a Disneylândia na Califórnia nos anos sessenta, depois de ter revolucionado a animação cinematográfica com clássicos memoráveis, inspirados em contos de fadas e outras histórias. Graças ao artigo de nosso correspondente, fiquei sabendo mais sobre o pato de voz roufenha, sempre mal humorado, azarado e perseguido pela implacável sorte de seu primo Gastão e sempre auxiliado por três sobrinhos que têm à mão um manual de escoteiro mirim com receita para tudo. O pato Donald é até herói de guerra e um dos personagens mais carismáticos e queridos do mundo. Politicamente incorreto, ao contrário de seu "irmão" mais velho, o camundongo Mickey, este sim, todo certinho, sempre bem humorado e prestativo, auxiliar da polícia e do Cel. Cintra. Um rato totalmente improvável, que tem como amigo um cachorro meio palerma, que no Brasil recebeu o nome de Pateta.

Mais improvável ainda é Mickey, um rato ter um cachorro, o impagável Pluto, desajeitado e feio, fiel ao dono e aos amigos do dono como convém a um bom cachorro.

A dupla improvável, Donald e Mickey, com todo o universo de personagens periféricos que os rodeiam, tornaram possível o Império Disney. Um exemplo inigualável de como ganhar dinheiro com a fantasia, o encantamento, a beleza e, por que não?, com previsões futuristas. Tudo alicerçado no mundo infantil, na imaginação das crianças, que se encantam com tudo que Disney e seus seguidores criaram e que levam os país ao encantamento. Os adultos desfrutam tanto ou mais do que as crianças das maravilhas do "universo" do genial californiano.

Ao lado de uma Hollywood de filmes adultos, de faroestes (outra maravilha criativa dos americanos) de filmes de suspense, de obras primas tais como "O vento levou", Walt Disney criou um cinema para crianças e adultos que continuam a encantar e divertir gente de todas as raças e credos em todo o mundo.

No Brasil andam falando muito em economia criativa, em ganhar dinheiro com teatro, cinema, circo, esportes e entretenimento. O que os brasileiros precisam saber é que, para tornar tudo isso realidade, é necessário ter compromisso com o público, entregar aos espectadores aquilo que foi prometido e se possível algo mais. Qualidade e compromisso, seriedade e respeito com o consumidor, infra-estrutura e bons serviços. Sem isso, nem a mais bela peça de Shakespeare, com Sir Laurence Olivier na cabeça do elenco, conseguirá ficar em cartaz.

Em tempo: o pato Donald foi a primeira revista editada por Victor Civita no Brasil, ainda nos anos cinquenta. Hoje a Abril Editora é um colosso e edita entre outras publicações, a revista Veja, a terceira maior publicação do gênero no mundo.

Êta patinho danado!!!

Urtigão (desde 1943)