Urtigão: Rato Magro não tem Medo

Juscelino Kubitscheck em um dos seus discursos disse que Deus lhe concedeu a graça de não ter medo. Bela frase, atribuída a seu "ghost writer" Augusto Frederico Schimidt. Seja de quem for, a frase fica bonita na boca de um bom orador. Roberto Jeferson o homem que revelou o Mensalão, na sua defesa no processo de cassação, cunhou a expressão "ratos magros" ao se referir a voracidade com que os políticos implicados na Ação Penal 470, se apropriaram do dinheiro público. Pobre Mensalão. Era só a ponta de um iceberg, que começou a emergir com a Operação Lava-jato. Nunca se viu tanta voracidade. Os roubos do dinheiro público agora aparecem todos os dias. Sinal certo que os ratos magros, que na expressão de Jacques Wagner, se lambuzaram, perderam totalmente o medo. Passaram a roubar dia e noite, igual uma colônia de diligentes cupins, que roeram a estrutura financeira do País até o cerne, sem dó e sem pena.

Nada escapou aos ratos magros, que engordaram o Partido, países governados por ditaduras sanguinárias, vizinhos bolivarianos e tudo mais que puderam, desde que, caísse nas graças dos ladravazes de plantão. Engordaram também as contas correntes e os patrimônios pessoais, engordaram finanças de familiares e de muita gente que que porventura se prestasse a entrar no esquema de tomar empréstimos a preços camaradas e, em contrapartida, deixar a parte do PT e dos cumpanherus. Para tanto, aproveitando uma "janela" de melhora no preço das comodities, com a China crescendo a taxas extra-terrestres e comprando soja, minério de ferro e carnecomo nunca.

Um Brasil com superavit em conta corrente, momento ideal para o surgimento de muitos empresários de fortuna duvidosa, que passaram a ser "amigos de infância" de Lula. Era melhor do que ser amigo do rei.

E tome Copa do Mundo e suas arenas majestosas, Olimpíadas no Rio de Janeiro e obras faraônicas. Transposição do Rio São Francisco, ferrovias que não terminam nunca, porto de Açú para Eike Batista e refinarias de petróleo por todo o lado. Obras e mais obras. Propinas e mais propinas. Os ratos magros não tem medo e souberam demonstrar isso com total competência.

Existe um ditado que diz que não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe. A bonança da roubalheira acabou, a maré baixou e mostrou que o PT estava nadando pelado.

Com a Lava-jato e seus filhotes, temos a certeza que este mal está sendo atacado. O final vai demorar, mas antes do epílogo a República de Curitiba vai apanhar muitos ratos magros e os restantes certamente passarão a ter medo.

Urtigão (desde 1943)