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Aurélio Miguel - Ouro - Seul 1988 |
Nas ciências biológicas, só tivemos alguma projeção no começo do século XX, com Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Vital Brasil, Ezequiel Dias e outros da mesma geração. Daí para a frente, nada de significativo. Pode-se argumentar que nos faltam recursos e equipamentos. Em parte é verdade.
Pode-se argumentar que tal atraso é devido à evasão de cérebros.
Eles se mandam daqui, mas não vejo nada de significativo que fazem lá fora, mesmo nas maiores instituições estrangeiras.
Na ciência, continuamos vira-latas.
Na literatura, temos alguns expoentes que fazem bonito para consumo interno. Machado, Euclides da Cunha, Gilberto Freire e vá lá, João Guimarães Rosa. Como disse, no meu sentir de pouco letrado, fazem bonito internamente. Nenhum deles pode ombrear com Saramago, Vargas Llosa, Gabo Márquez, Cortazar, Borges, Neruda e Gabriela Mistral. Um português e os outros todos latino- americanos.
Nunca conseguimos um prêmio Nobel de literatura, honraria concedida a sul-africanos, portugueses, poloneses e bielo-russos. Não comparei com Inglaterra, França, Alemanha, USA , Rússia e outros gigantes das letras. Uma lástima.
Apesar das pretensões de Lula, nunca ganhamos um prêmio Nobel da Paz. Chegamos mais perto com a Dra. Zilda Arns. Infelizmente o terremoto do Haiti a matou.
Na matemática, graças ao trabalho do Impa, estamos sobressaindo. Como tal ciência não depende de laboratórios e equipamentos sofisticados, estamos produzindo talentos.
Arthur Ávila ganhou a medalha Fields, o Nobel da matemática. Vejamos outra área que só depende do intelecto: Filosofia. Nunca tivemos um filósofo de envergadura e nada desponta no horizonte da ciência do pensamento puro no País. Temos alguns bons pensadores para consumo interno. Nada que possa se equiparar ao pensamento grego, francês, russo, espanhol ,alemão ou americano do Norte. Ralph Waldo Emerson está anos luz de distância de brasileiros vivos ou mortos.
Nas artes plásticas, o mesmo deserto de celebridades.
Na música, alguns compositores medianos como Villa-Lobos, Radames Gnatalli e o esquecido Carlos Gomes. Medianos. Nada de excepcional.
Teremos agora a disputa de Olimpíadas no Brasil. Esperamos conseguir um bom número de medalhas. Nenhuma delas nas provas mais nobres, como o atletismo. Vamos competir bem no vôlei, vela, ginástica e sabe-se lá, no judô. O resto e miríade.
Já fomos indiscutivelmente os reis do futebol. Poderíamos ter no currículo dez campeonatos mundiais e não cinco, se não tivéssemos tanto sujeira envolvendo o esporte bretão no Brasil. Hoje somos piores do que a Bélgica, Portugal e Chile. Um desastre.
Por último, deixei o teatro. Se não tivéssemos produzido Nelson Rodrigues, as artes cênicas brasileiras seriam um terreno baldio coberto de parasitas. Exatamente ele que cunhou a expressão “complexo de vira-lata", nos salva da aridez total.
No entanto, se tivéssemos competição de safadeza, roubalheira, politicagem rasteira e mal uso do dinheiro público, seríamos campeões "reservados" dignos de todas as láureas e prisões.
Notas:
1) Viva Portugal. Abaixou o facho da turma "bleu, blanc, rouge”. Somente do outro lado do Atlântico encontramos gente de brio que fala a língua portuguesa. Enquanto isso, Dunga recebe três milhões de reais da CBF pela rescisão unilateral do contrato. No Brasil, fazer "cagada" é bom negócio.
2) Eleição na Câmara dos deputados. São tantos candidatos para ocupar a vaga de Eduardo Cunha, que corremos o risco de outro Severino Cavalcanti ser eleito. Eduardo Cunha será cassado e no dizer de Roberto Jeferson é o seu bandido preferido. O meu preferido continua a ser o próprio Jeferson. Imbatível, inteligente, carismático e elegante( quando quer).
Urtigão (desde 1943)