Urtigão: Velha praga, Urupês ou Mata-Pau

Mata-Pau tomando conta...
Eu pretendia fazer uma análise do sindicalismo brasileiro a partir de parte da obra de Monteiro Lobato e ao rememorar seus escritos, cheguei à triste conclusão que o mal do sindicalismo é muito maior. 

Se guarda semelhanças com cogumelos urupês e também com o cipó de nome mata-pau, as semelhanças terminam no parasitismo e na capacidade de se aproveitar de matéria morta como os fungos. O mata-pau é um cipó parasita, que se pendura nas árvores e com o tempo se apodera dela. Suga-lhe a seiva, aumenta de tamanho, tal qual uma serpente enrolada em sua presa. Sufoca a árvore e a mata, passando a viver no seu lugar. 

Os sindicatos são parasitas, vivem da decomposição da sociedade, ao contrário do que pregam. Melhor será chamá-los de “Velha praga", nome do artigo do fazendeiro ocasional Monteiro Lobato. Bendito artigo que não passou despercebido do gênio de Julio Mesquita, que o publicou.

Em vez de uma carta denunciando velhos males da zona rural do vale do Paraíba, o grande Júlio Mesquita mandou publicar a carta do fazendeiro em outra secção do jornal. Estava descoberto um dos maiores escritores brasileiros do século XX .

Voltemos ao sindicalismo e seus representantes, sejam eles empregados ou empregadores. Herança maldita do Estado Novo de Vargas, os sindicatos brasileiros foram criados para viverem como parasitas, com verbas determinadas pelo governo, que criou uma excrescência chamada de Imposto Sindical. Para patrões e empregados, sem distinção.

Ao contrário de países prósperos e desenvolvidos, aqui, os sindicatos não precisam lutar por associados. Recebem de mão beijada a contribuição sindical e fazem desse dinheiro o que bem entendem. Não prestam contas e, se prestam, fazem de forma rombuda, sem maiores preocupações com a lisura do emprego do dinheiro amealhado de forma fácil e compulsória. 

Aqui, sim, são autênticos parasitas, são urupês ou mata-pau. Sugam da sociedade e raramente dão algo em troca. Com o surgimento do PT, os sindicatos, que eram comandados por "pelegos", típicos paus-mandados até 1964, ainda ao gosto de Getulio Vargas, tomaram outra feição. 

Tornaram-se braços do partido dentro das agremiações de classe, sobretudo entre o operariado e nos Conselhos que regulamentam as profissões liberais. Se assenhoram da OAB, dos Conselhos de Farmácia, de Enfermagem, de Engenharia, Biologia e todas as outras corporações de profissionais liberais. De professores então, nem se fala, bem como de jornalistas. 

Uma invasão geral, pronta para defender o partido na imprensa de todos os tamanhos e pronta para fazer a cabeça de estudantes, de qualquer nível e em todas as circunstâncias. O movimento que teve seu início no cinturão industrial de São Paulo, com o auxílio da igreja católica dita progressista, tomou conta do Brasil e da República brasileira.

O PT dominou as agremiações classistas e a política brasileira. Chegaram finalmente à Presidência da República. Deu no que deu. O parasitismo, os saprofitas, que vivem da decomposição e da usurpação da seiva alheia, também se prejudicam quando tais condições se mostram em excesso. 

O aparelhamento do Estado, a infiltração na indústria, no comércio, nas profissões liberais, entre professores e alunos, e até entre empresários oportunistas, sem coloração política, mas ávidos pela vizinhança do Poder, apodreceram os meios de produção, as finanças de Estados e municípios. Tanto que apodreceram o Brasil que sobrou meio de cultura.

Se em algum tempo foram urupês ou mata-pau, se transmudaram em velha praga. Destruíram a República com corrupção, roubalheira, parasitismo e compadrio. Uma chaga enorme é difícil de curar.

Uma dívida já debitada aos meus netos.
Urtigão ( desde 1943)