O drama que vivia no sonho reproduzia em parte o que se passava no seu dia-a-dia: diante da crise geral do país, era iminente que perdesse o emprego pois a empresa onde trabalhava passava por dificuldades e poderia pedir falência.
Para desanuviar a tensão, ainda no sonho, passou a assoviar uma música antiga que sua mãe cantava quando estava desiludida da vida ou em briga com o marido:
“O mundo é uma escola / Onde a gente precisa aprender / A ciência de viver pra não sofrer”.
Além da música, no sonho apareceu a figura de um primo que era um tipo popular capaz de encontrar definição sobre tudo na vida e sobre o que acontecia no mundo.
No sonho o primo dizia: Para as coisas melhorarem, elas têm de piorar de verdade. Aí, então, tudo melhora.
Nesse ponto do sonho ele acordou meio assustado, embora soubesse que realmente precisava dar novo rumo na vida.
Sim, ele precisava pôr os pés na realidade.
Saiu de casa pensando encontrar uma saída diante da encruzilhada em que vivia.
Assim que pôs os pés na calçada, viu passar na direção contrária uma manifestação com gritos de protesto.
Pensou, pensou e concluiu que, no seu caso, a questão não se resolveria através de protestos.
Concluiu que para dar um jeito na vida seria preciso aliar a esperança ao bom senso e pôr os pés na realidade.
Assim, certamente encontraria um bom caminho para seguir em frente.