Qualquer debate, em qualquer canal, já é ruim de origem. Regras engessadas, perguntas pré-fabricados e a presença quase sempre rasa de um mediador de pouca ou nenhuma qualidade.
Enfim, é o que temos e Deus nos ajude. Oito candidatos: um desfile de raridades, postulantes ao cargo de administrador da capital da terceira região mais importante do Brasil, sem preparo, sem civilidade, sem conhecimento das penúrias e agruras da cidade e de seus habitantes. De princípio, desconhecem a Língua Portuguesa.
Erros grosseiros, ausência de plurais, verbos conjugados no tempo errado, uso de gerúndio onde ele não cabe, colocação de "onde" no lugar de "o qual" e repetição incessante de temas batidos e repisados.
Todos sofrem de uma doença grave: a "síndrome de Paulo Maluf", que faz com que nunca respondam o que lhes foi perguntado. Em lugar da resposta dizem o que vão fazer, como se isso fosse o que lhes foi indagado.
Se não sabem falar a língua, certamente não sabem escrevê-la. No entanto, falam de educação com eloquência de um Pe. Antônio Vieira. Uma cidade com graves problemas, de trânsito infernal, de transporte público precário, na qual existe um trem que chamam de metrô, que liga o nada a lugar nenhum, de assistência médica primária inexistente, abundante de sub-empregados e desempregados, colocados no olho da rua pela nova matriz econômica do PT.
Cidade sem perspectivas, que se auto-intitula um pólo de eventos de negócios, na qual, os espaços para eventos estão às moscas à espera de incautos que se sujeitem a pagar taxas extorsivas e burocracia infernal.
Tornou-se moda falar em economia criativa. Neste ramo, listam a culinária, a indústria da moda e as startups digitais. O bairro São Pedro é o nosso Vale do Silício e a cachaça mineira um patrimônio imaterial e criador de muitos e variados empregos. Mera falácia.
Quem se dispõe a comprar uma garrafa de cachaça pelo dobro ou o triplo de uma garrafa de uísque de boa qualidade, produzido sob critérios rígidos e sob constante auditoria dos órgãos reguladores?
A indústria da moda em Minas perdeu relevância há muito tempo e a concorrência dos asiáticos deixou os mineiros, notadamente os de Belo Horizonte, a ver navios.
A gastronomia também está se exaurindo. São tantos festivais, tantos encontros, tantos eventos do ramo, que o público com dinheiro curto já não comparece com a mesma intensidade.
Uma cidade sem atrativos, sem charme e que perdeu há muito a sua qualidade maior: sossego e segurança, bens imateriais de inestimável valor e que não voltam mais.
Notas:
1) Hoje fui ao banco buscar algum dinheiro para pagar a faxineira. Como sempre me enrolo com os caixas eletrônicos. Aconteceu. Dirigi-me a um guapo rapaz, funcionário do banco pedindo-lhe ajuda. Respondeu-me que estava de greve e o seu trabalho ali limitava-se a fiscalizar o cumprimento das normas do sindicato da classe para não deixar ninguém trabalhar. Perguntei a ele se não poderia ao menos socorrer um velho ignorante digital.
Disse-me que não, e ponto final. A greve é tão forte que impossibilita ao grevista fazer um favor. Sem duvida, um futuro Lula, Vicentinho, Berzoini, Paulo Bernardo e outros menos cotados.
2) Nunca gostei de Chacrinha. Achava-o irritante, barulhento e mal educado. No entanto, a sua máxima vem a calhar para o governo Temer. Quem não se comunica, se trumbica!!!
O bate-cabeça dos ministros de Temer faz-me lembrar de um episódio acontecido comigo.
Eu era gerente de um hotel em Sete Lagoas e cansado de uma brigada de garçons cheia de defeitos, resolvi num arroubo, substituí-los todos de uma vez. Vim a Belo Horizonte e contratei jovens formados no SENAC e os coloquei para trabalhar. Um pandemônio.
Nada certo, bandejas caindo, pedidos trocados, um inferno. Resultado: chamei-os e disse-lhes resignado; entrem no salão do restaurante de mais dadas. Pelo menos não se perderão.
Fica o conselho para o presidente.
Urtigão (desde 1943)