A Outra Margem do Rio - Crônica "Estado de Minas" - 06/10/2016

Ele não se conforma em ter de esperar a chegada de uma prometida recuperação da economia. Trabalho até que não falta e a luta diária pela sobrevivência aumentou consideravelmente.

O que mais o atormenta é a expectativa de que as coisas só possam melhorar com o tempo e isso é uma tortura para quem se acostumou a se desdobrar para resolver problemas com rapidez e eficiência.

Agora, não. Toda tarefa que tem pela frente se reveste de uma complicação longa e lerda para ser resolvida.

Quem dera se pudesse retornar a uma época da vida em que exercitava a lerdeza com extrema eficiência. A tranquilidade no trabalho e o faturamento fluíam com normalidade, enquanto o amor se desenvolvia com a beleza e o prazer desejados.

Bons tempos aqueles!!!

Com sua idade e sua trajetória de tantas intensidades na vida, passar por uma crise nova é de desanimar.

Ele sabe que deve seguir em frente mesmo não tendo conseguido estabelecer os passos certos para resolver a pinimba que atinge tanta gente, inclusive ele.

Os tempos são outros, a insegurança idem.

Pensou daqui, pensou dali e resolveu relaxar para, com o tempo, encontrar uma saída. Concluiu que não adianta desesperar quando a correnteza do rio aumenta: o melhor é ter calma nessas horas.

Só não pode é afogar e não chegar à outra margem do rio quando se sabe que a vida ainda tem muita coisa reservada para oferecer a quem tem os pés no chão e a cabeça voltada para a esperança.


Mário Ribeiro