Urtigão e a Ignorância da Juventude. Um espanto!

Há muitos anos, Jô Soares, nos seus bons tempos de humorista tinha um personagem que ao final de suas falas dizia sempre essa frase: a ignorância da juventude é um espanto.

Na realidade, ele se referia à ignorância dos pseudo-cultos que o interpelavam sobre algum assunto sobre o qual estavam totalmente ignorantes. Um espanto!

Tanto a juventude, quanto a maioria dos brasileiros de qualquer idade, de minha época e os de agora continuam incultos, para não dizer ignorantes. Pouco ou nada lêem, não sabem escrever e também pudera: se não aprenderam, como fazê-lo?

Poucos sabem que, infelizmente, uma das maiores manchas da colonização portuguesa no Brasil, foi a proibição de impressão de livros, jornais, folhetos e impressos de qualquer natureza.

Tal ignorância perdurou até a chegada da Corte em 1808, fugida das tropas do Bonaparte.

Enquanto a América Espanhola possuía universidades desde os meados dos 1500, o Brasil só foi ter a sua no início do século vinte. Um descalabro.

Quando foi proclamada a República, o Brasil tinha quase cem por cento de sua população analfabeta. Uma terrível herança difícil de ser superada.

Só mesmo os petistas e sua sanha predatória produziram tamanha destruição.

Muito se discute atualmente sobre a qualidade do ensino e a falta de democracia do atual governo de encaminhar a reforma através de uma medida provisória. Na minha opinião de leigo, filho de uma brilhante pedagoga, já morta, irmão de outra, já de muito aposentada, a má qualidade do ensino reside na má qualidade dos professores.

Vou além: reside na ignorância e falta de cultura dos mesmos, no descompromisso com a profissão e, mais ainda, na total ausência de meritocracia na carreira do professor.

Um sistema comunista que nivela tudo por baixo, onde todos ganham igual, sem avaliação de resultados, seja no ensino público e mesmo no privado.

Depois da bendita constituição de 1988, que levou o direito de greve aos professores de escolas públicas, a coisa piorou muito. Vivem de greve.

Fazem de conta que trabalham e reclamam de baixos salários.

Não merecem nada mais do que ganham.

Aliás sabem muito: sabem discutir o discurso ultrapassado da dialética comunista, conhecem todos os teóricos de doutrinas do pouco fazer e nada produzir e sabem de cor e salteado todas as formas de ganharem títulos, qüinquênios, anuênios e outros penduricalhos a serem agregados no salário do qual tanto reclamam.

Comparecem à todos os congressos, seminários, simpósios e reuniões afins. São recordistas de atestados médicos e afastamentos.

As estatísticas estão aí para provar.

O sindicato da classe tem número recorde de diretores, com estabilidade garantida e dinheiro para comprar horário em televisão aberta.

A reforma do ensino deve começar pela reforma dos professores.


Uma nota:
Entre muitas coisas faladas sobre a reforma do ensino, alguns apregoam a volta do Latim.

Nada contra.

Ajuda a raciocinar, a aprender Matemática e o Português.

Quem sabe Latim aprende outras línguas com mais facilidade, mesmo as anglo-saxônicas.

Sempre é bom lembrar que além das palavras latinas incorporadas ao dia-a-dia, do sabonete Lux ao fósforo, do iogurte activia e outras tantas, duas são fundamentais: coito e cópula.


Urtigão (desde 1943)