Urtigão: A Mediocridade e a Felicidade no Brasil

Li no Globo um soberbo artigo de Roberto Damatta. Chamar de soberbo um escrito do sociólogo é pleononasmo. Ele quase sempre é excelente.

Recebi também a "newsletter "de Fernão Mesquita, como sempre muito bom e oportuno na sua cruzada quase escoteira contra os abundantes privilégios de uma casta existente no Brasil. Infelizmente, não tenho capacidade para resenhar dois mestres da escrita mas tento dar a minha opinião sincera a respeito do quão medíocre se apresenta uma parcela importante de políticos, acadêmicos, escritores, funcionários públicos extintos e outros que sempre souberam se dar bem em toda e qualquer circunstância política brasileira.

Ser de esquerda no Brasil sempre foi um carimbo de pensar com inteligência, de ser avançado e trabalhar pela justiça social. Conversa fiada de pseudo intelectual, que acha que conhece o ultrapassado discurso marxista. Uma dialética repetitiva, que se apodera da tão decantada mais valia, uma ficção econômica inexistente, criada no século dezenove e que não sobrevive no século XXI.

Nos dias de hoje, citam Thomas Piketty, uma releitura requentada do barbudo judeu alemão, que só publicou sua obra por morar na Inglaterra vitoriana, sob a égide da mais antiga economia capitalista do mundo e que deu certo.

Ser de esquerda é ser medíocre. É almejar um cargo público, ter salário garantido até o fim da vida, deixar pensão para a viúva e descendentes, se conseguir perpetuar a sua espécie .

Na era petista, tivemos uma explosão de concursos públicos. Nunca no Brasil, a felicidade significou tão pouco.

Ser funcionário público, trabalhar pouco ou quase nada, pertencer aos quadros do sindicato da classe é o paraíso almejado por essa gente medíocre de idéias curtas, férias na praia e mais recentemente, no exterior, bermudão, chinelo, cerveja e batatas fritas.

Barriga proeminente, plano de saúde, coronárias entupidas, filhos mal educados e conversas intermináveis no celular e mensagens nas redes sociais, facebook para todo mundo, felicidade ao alcance de um clique, mundinho rasteiro, sem maiores vôos, sem nenhum fato relevante. Se possível, e não é pedir muito, presentes de natal de alguma empreiteira, por destravancar alguma coisa na repartição.

Se isso for felicidade, prefiro ser infeliz.!!!!


Uma Nota:

Na minha casa, todos nós tínhamos de trabalhar. Meu pai ficou cego aos quarenta e um anos. Seis filhos: duas meninas e quatro meninos. Uma escadinha que ia de onze a um ano.

O fogão era a lenha. Meu pai preferia lenha mais grossa, que rendia mais e dava bom fogo, que os meninos rachavam. 

Machado era perigoso e o serviço era feito com cunhas e marreta.

Eduardo Cunha foi preso e no segundo dia de prisão contratou um escritório especializado em delação premiada.

Cunha tem a capacidade de "rachar" o Brasil.


Urtigão (desde 1943)