Urtigão: Uma Eleição Inédita

A Cidade Maravilhosa Sempre Surpreende
Tempos atrás defendi neste espaço que o voto em branco não é desperdício. Na minha modesta opinião é muito melhor do que o voto útil. Cansei de votar de "forma útil" e ver a inutilidade da minha posição.

Agora foi a primeira vez na minha vida, ao longo de mais de sete décadas que não votei.

Conheci eleições em 1950 de forma inusitada. Morávamos em Coimbra, diminuta cidade da zona da Mata Mineira e a Justiça Eleitoral requisitou uma sala independente da casa onde morávamos para montar uma sessão eleitoral.

Enfim e ao cabo, posso dizer que Juscelino e Getúlio, o primeiro para o governo estadual e o segundo para presidência, em parte foram eleitos na minha casa.

De lembrança, ficou o pior: eleitores mal educados e com a bexiga cheia, urinaram pelas gretas do assoalho dentro da cabine, feita de madeira, um autêntico tabique. O mau cheiro persistiu por bom tempo, por mais que minha mãe abusasse da creolina.

O Brasil já era complicado e ficaria mais quatro anos depois. Essa é outra história.

Vamos a eleição atual. Coisas inéditas aconteceram. Sobretudo em São Paulo.

Primeira eleição sem Maluf e sem a sua influência. Não que os árabes tenham deixado o poder. Fica o Alckmim, o Temer e sai o Haddad. Primeira eleição decidida em São Paulo no primeiro turno. O descendente de italianos deu uma surra no turco, em um italiano, numa quatrocentona e numa nordestina.

Um feito admirável do empresário bem sucedido, uma aposta do Alckmim que contrariando os outros caciques, bancou o moço e deu-se bem. Muito bem aliás.

Primeira eleição em que o PT não deu certo em Porto Alegre, o mais antigo laboratório de maldades dos comunistas.

Perderam também em Minas, onde o governador de nariz grande não deu as caras em nenhum comício. Belo Horizonte não ofereceu surpresas. Aconteceu o previsto por todas as pesquisas.

Ganha Aécio mas não leva. Perde também José Serra, que queria outro descendente de italianos, de nome mais pomposo, mas menos envolvente.

Infelizmente, a surpresa ruim veio do Rio de Janeiro. Lugar de péssimas eleições, redenção de Brizola, Saturnino Braga, César Maia, Marcelo Alencar, Chagas Freitas e outros estrupícios. Os últimos bons políticos do Rio foram Carlos Lacerda e Negrão de Lima. Enfim, o que esperar de um lugar no qual o governador acode pelo nome de Pesão e que sucedeu um "bon-vivant ". Levaram para o segundo turno um comunista, mais comuna do que a Jandirona, que naufragou nas águas poluídas da baía de Guanabara. Infelizmente, vamos ter de torcer pelo Bispo Crivella e que Deus nos proteja.

Por falar em bispo, o D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro andou atrapalhando o bispo Crivella. A igreja progressista ainda faz estragos e nessas horas, desconhece os princípios ecumênicos. Deixa estar!

O tal de Freixo é o candidato dos artistas, eternos mamadores das tetas da velha porca, encastelados na comodidade da esquerda escocesa, bebedora de uísque doze anos e, mais recentemente, de coloração francesa, de preferência em torno de uma garrafa de bom rótulo.

Nada mais cômodo do que viver no Leblon, em Ipanema e na Barra e trabalhar pouco ou quase nada.

Urtigão (desde 1943)