Eu, pelo menos eu, não. Descobri no meu iPad, numa madrugada insone, a coleção que guardei de gravações e apresentações de seus shows – muitos deles que assisti ao vivo em BH, Rio e São Paulo. Foi tentando copiar seu jeito ao violão que peguei o velho “Giannini” dos irmãos mais velhos sem conseguir até hoje. Aliás, ninguém consegue.
Pobre de mim e dos que esfolaram os dedos na mesma e impossível tentativa de aplicar seus acordes únicos, sua batida e os arranjos que encantaram o mundo mas que o brasileiro rejeitava e até hoje rejeita.
Tardiamente, ouvindo a coleção de suas gravações, descobri que João utiiza uma técnica especial que diferencia de forma absoluta sua forma de acompanhar: ele sempre antecipa um pouco o acorde que a música pede ao violão.
Isto dá um jeito único no acompanhamento,
Nessa viagem em torno das interpretações de João Gilberto ficou clara sua forma especial de homenagear os grandes autores da música braslleira que ele ainda jovem aprendeu a cultivar numa espécie de devoção extrema.
Mas, afinal, por onde anda João Gilberto?
Sei não… Acho que anda recolhido no quarto dos fundos na busca de novos acordes para sua velha e amada música brasileira que ninguém mais ouve no país e, ao contrário de um de seus sucessos, não sabe reconhecer seu valor.
Mário Ribeiro