A cidade de Tiradentes/MG, sedia no período de 24 a 27 de novembro, o evento denominado "Fórum do Amanhã". Parece-me que é uma iniciativa do economista Eduardo Giannetti e tem como meta discutir alternativas para o Brasil de amanhã.
Na abertura, o sociólogo italiano Domenico De Masi, professor da Universidade "La Sapienza" de Roma. De Masi, um senhor de cabelos brancos, de fala mansa, é o responsável pela teoria do Ócio Criativo. Teoria muito simpática aos brasileiros, o que faz de De Masi, figura frequente em eventos no Brasil. Andei vendo a programação do fórum na internet.
http://www.forumdoamanha.com/
Só estranhei a ausência de Marina Silva, de quem Eduardo Giannnetti é um admirador. No evento em questão, tratar de meio ambiente, energia limpa, cidade sem lixo e economia criativa, a ausência da Dama da Selva é uma lacuna imperdoável. Talvez coisas de agenda.
Muito se fala em economia criativa no Brasil. Aliás, Tiradentes é um bom exemplo da dita economia. Um produto que deu certo. Só esquecem de informar que por trás do produto, alguns pioneiros deram vida a cidade e dois mecenas se encarregaram de divulgá-la no Brasil. Ives Alves, que tive o prazer de conhecer e Milu Vilela. Sem eles, a cidade ainda estaria escondida nos contrafortes da Serra de Santo Antônio .
Voltemos à economia criativa. O atual governador de Minas, encarregou o presidente da Codemig, um ex-executivo da Usiminas, de incentivar a economia criativa em nosso Estado. Parece-me que as iniciativas foram pífias. Se bem me lembro, uma suposta feirade publicidade e criação áudio-visual na Serraria Souza Pinto e mais recentemente, uma feira de inovação e informática no Expominas.
Um clone rombudo do "Campus Party" que acontece em São Paulo no início do ano. Nada de novo. Nada de criativo.
No meu sentir, temos muito que aprender com os americanos do Norte no tocante à economia criativa. Desde PT. Barnun e seu circo maravilhoso, que dominou os USA por décadas, passando por Bufallo Bill Cody e seu espetáculo que contava com a presença do cacique Touro Sentado e de Jane Calamidade, famosa pistoleira, as conferências e palestras de Mark Twain, os filhos de Tio Sam são imbatíveis em tirar leite de pedra. Hollywood ensina o mundo a fazer cinema há mais de cem anos. A Broadway emprega mais de 300 mil pessoas diretamente. Las Vegas é o exemplo acabado de uma cidade de uma rua só, recheada de cassinos, hotéis e neon.
Isso para não falar nos parques da Flórida que não se resume em Disneyworld. Tem muito mais. Disneylândia nasceu na Califórnia e deu filhotes. Todos os esportes nos Estados Unidos são empresariais e se não derem lucro não vão em frente. Fazem concurso de tudo. Até de pulo de rã. Tudo levado a sério e regado a dinheiro. Nada lá vale leite de pato.
O Brasil tem alguns bons exemplos de economia criativa. A publicidade brasileira nada deve a estrangeiras a televisão, por mais que a critiquem, está entre as melhores do mundo.
Em compensação, o cinema e o teatro, se tirarem o patrocínio da Petrobras, Caixa e Banco do Brasil, deixa de existir.
Bons tempos em que Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celi tinham uma companhia de teatro, andavam por todo o Brasil e não precisavam de patrocínio. Eles se pagavam. Mazzaropi fazia filmes e batia recordes de bilheteria.
Sem patrocínio, hoje, nada sai sem "Lei Rouanet". Aliás, do nosso bolso. Também, não sei porque tanta celeuma em torno de economia criativa. Os nossos políticos, com raras e honrosas exceções são especialistas em multiplicar o patrimônio à custa de dinheiro público e extorsão de empresas.
Sérgio Cabral é o último exemplo da espécie do "homus economicus criativus". Lula e outro belo exemplo. Zé Dirceu, Palocci e tantos outros. Podem dar aula de economia criativa. Não sei como não se lembraram deles para dar palestras em Tiradentes.
Ia ter gente pendurada no lustre do auditório.
Urtigão ( desde 1943)