Apelidos - Crônica jornal “Estado de Minas" - 15/12/2016 - Mário Ribeiro

Apelidos cruéis, sarcásticos, irônicos, desmoralizantes, sempre foram uma espécie de maldição para quem os recebeu, mas há corruptelas generosas como de meu irmão Tim, as irmãs Niná e Piquita, meu pai Joãozito, tio Totó, grande fazendeiro, e sua mulher Sassão de alegria imensa a nos receber na varanda de sua casa na Fazenda da Varge do Capim, e seus filhos Doca e Quequé.

Meu padrinho chamava-se Secundino Agatão Soares, já em si um apelido múltiplo e, para sua infelicidade, chamado de Bedocha, homem simples, honesto, trabalhador da fábrica de tecidos de São Vicente do Baldim.

Sem falar em amigos e parentes apelidados: Nem, Xandoca, Vandeco, Pedrão, Jurista, Papagaio, Fernandel, Boca, Rodinho, Pipita, o filho Guga, as filhas Gabriela, que se tornou Bé, e Mariana, que o avô Neginho (o pintor Rodelnégio) a apelidou de “Pingo no I”), Sincero, que mais do que sincero era alegre, sempre aprontando com quem se hospedava em sua pensão na avenida Oiapoque e no pôquer com os amigos que ali jogavam em meio às suas brincadeiras e muitas risadas.

Apelidos carinhosos com algum toque de humor sempre foram bem vistos, mas é um escárnio a relação de apelidos de políticos corruptos criados pelos funcionários do “setor de propina” (ora veja…) da empreiteira que liderou o maior escândalo de corrupção do mundo.

Um deboche com a Nação, sem qualquer sentimento de culpa ou de vergonha, para jogar no lixo da História princípios éticos e de honestidade, como se não estivessem também comprometidos com a roubalheira.

Vergonha!


Mário Ribeiro