Presságios e Desejos - Mário Ribeiro

Na passagem de ano não bastam os desejos de parentes e amigos nos desejando feliz ano novo: é preciso também ter fé de que conseguiremos superar as artimanhas do destino e presságios nada agradáveis para o próximo ano.

Levar a sério certas previsões pode afetar algum neurônio fora do eixo e nos provocar distúrbios nada agradáveis.

Só que nunca faltam desejos a serem realizados.

No futebol, por exemplo, é bom ficar com um pé atrás se a vidente jurar que sua bola de cristal está a indicar que o nosso time, enfim, será campeão em tudo que disputar.

O problema é que a vidente se esquece dos pernas-de-pau que ganham milhões como se fossem craques e sempre trazem decepções chutando para o alto quando o gol adversário está vazio.

Sem falar dos técnicos, sempre teimosos a escalar incompetentes na defesa, meio-de-campo e ataque para desespero da torcida que, no final do campeonato, vê o time sem chance de chegar ao título.

No início do ano, passadas as beberagens tradicionais do período, é bom não escutar quem tem mania de dizer que tudo vai melhorar porque quase sempre não sairemos do mesmo rame-rame de todos os anos.

Na política, então, talvez o mais correto seja rezar porque, na crise cada vez mais séria pela qual passa o país, a toda hora aparece um político que apresenta projeto para aumentar os honorários dele.

Melhor aproveitar as guloseimas próprias do período e deixar para lá o que não tem jeito de se consertar num país em que se diz que “desgraça pouca é bobagem”, embora não seja feio pensar que algo bom possa vir no novo ano.


Mário Ribeiro