![]() |
Toussaint de L'ouvertur |
Essa ciência inexata nunca me seduziu e os professores que tentaram ensinar-me tal saber, eram piores do que eu. Lembro-me bem de um deles, João Herculino de Souza Lopes, advogado, deputado cassado e setelagoano ilustre. Foi meu professor no CEUB, em Brasília, nas várias vezes em que estudei Direito. Desconfio que ele só dava aula por ser o dono da escola. Enfim, uma boa figura. Que Deus o tenha.
Dai, fico pensando qual razão leva um homem ou grupo deles à aventura de se auto-intitularem libertadores de um povo ou defensores de uma raça ou etnia.
Se existe opressão, espoliação, imposição de religião, regime político ou qualquer outra razão que fira de morte princípios fundamentais, tudo bem. Muito compreensível.
No mais, qualquer outro motivo que não tiver tal relevância, de forma alguma fará de um aventureiro ou seu grupo, libertadores de um povo ou de uma terra.
Nas Américas, todos os libertadores, à exceção do Brasil, são questionáveis. Simon Bolívar, o grande Libertador, talvez tivesse chancela para fazê-lo em nome da Venezuela.
A América do Sul é muito diversa. Povos diversos. Raças e culturas ancestrais muito diferentes.
Nada daria a Bolívar credenciais para agir em nome de todos. A Argentina teve os seus libertadores movidos por interesses próprios . O Uruguai andou servindo de iô-iô entre Brasil e Argentina. Era a tal província cisplatina. Por fim, recebeu autonomia e constitui-se em País.
Com o Paraguai, interesses próprios de caudilhos locais fizeram a independência dos países da América do Sul.
Na América Central, a primeira libertação veio do Haiti. Uma revolta de escravos liderado por Toussaint de L'ouverture, fez do Haiti o primeiro país livre na região. Triste história. De maior produtor de açúcar da região, a ex-colônia francesa hoje é o país mais pobre do mundo. Duzentos anos de ditaduras e desgraças.
O México, o País dramalhão, teve libertadores de toda espécie. Dignos de opereta. De todos, o Gal. Antonio Lopez de Sant'Ana é o campeão disparado. Onze vezes ditador do México, já teve sua história contada neste espaço. Isso sem falar no Imperador, sobrinho de Napoleão, de triste fim, e posteriormente Pancho Villa.
A saga de ditaduras das Américas também já foi narrada neste espaço.
Chegamos a Fidel Castro Ruz e seus barbudos. Tiraram do poder o ditador Fulgêncio Batista.
Cuba tinha fama de seu o "puteiro" dos USA, apesar de ter na época, o maior PIB per capita da região. Entrou Fidel e por lá ficou cinquenta e sete anos. Deu educação, saúde e ótimos dentes para todos os cubanos. Havana vive de esmolas e está caindo os pedaços. A mortalidade infantil é baixíssima.
Sinceramente, muito pouco para nenhuma liberdade e salários médios de vinte seis dólares por mês.
Notas:
1) Reduzir mortalidade infantil não é difícil, nem caro. A médica Zilda Arns, infelizmente morta em um terremoto no Haiti, com a sua Pastoral da Criança conseguiu baixar drasticamente os níveis de mortalidade infantil no Brasil. O soro caseiro, inventado por ela, de receita fácil é barata, salvou muitas crianças. Custo mensal de controle de peso e tratamento de crianças pela Pastoral: R$ 33,00. Muito barato.
2) Não quero morrer muito velho. Veja o exemplo de Fidel. Nem em sua Cuba o povo se lembra dele. Todos os de sua época já morreram. Os Chefes de Estado que confirmaram presença no funeral são todos de segunda linha. Só cachorro magro. Sinal que o Comandante já não era mais nada.
3) Muitas lágrimas para o time da Chapecoense e para o povo de Chapecó. Tragédia sem paralelo. Muitas palmas para o povo colombiano, seus bombeiros, socorristas e médicos Estão dando um banho de bola . Palmas também para os esportistas de todo o mundo. Mostram que a solidariedade no esporte é uma realidade.
Urtigão (desde 1943)