Belo Horizonte completou 119 anos. Muito distante da cidade idealizada por Aarão Reis no final do século dezenove.
O aniversário foi comemorado no cineteatro Brasil pela Rádio CBN com um programa ao vivo, cheio de figuras ditas marcantes da cidade. Senti falta de Gustavo Penna, Ivo Faria, Tônico Mercador, José Lucio Mendes, José Maria Rabello e outros nomes sempre lembrados de BH.
Carlos Felipe, porque não? uma lacuna. No mais, as velhas lamúrias de sempre. Falta de um centro de convenções para abrigar grandes congressos, falta de incentivos e outras cositas mais. Volto a dizer: a gente era feliz e não sabia.
Notas:
Hoje é uma capital deteriorada, sem beleza, sem atrativos e sem charme. Alardeiam a Pampulha de Juscelino e Niemeyer, agora eleita como Patrimônio da Humanidade.
Essa Unesco, tanto como sua matriz, a ONU é uma ONG de burocratas com pouca ocupação, que pouco ou quase nada representam. Custam caro, principalmente para os USA e quase nada produzem. 119 anos de um bom projeto, que como quase tudo no Brasil, resultou num meio sucesso.
Lembro-me bem de Belo Horizonte dos anos quarenta. Era uma criança pobre, mas morava no bairro Funcionários, hoje transformado em Savassi em razão de uma padaria da família do mesmo nome.
Saímos daqui em 1949 para o interior, que não era tão interior. Era perto, mas ao mesmo tempo, longe pois demandava viagem de trem, de jardineira por estradas de terra que se tornavam intransitáveis no tempo de chuva.
Saímos daqui em 1949 para o interior, que não era tão interior. Era perto, mas ao mesmo tempo, longe pois demandava viagem de trem, de jardineira por estradas de terra que se tornavam intransitáveis no tempo de chuva.
Em 1951, viemos para mais perto. Itaúna era logo ali. Tinha estrada de ferro e jardineira. De trem, cinco horas. De jardineira, três horas. Oitenta quilômetros. Em cinquenta e nove voltei para a Capital. Fazer curso científico e trabalhar.
Bons tempos. Estudava de noite e trabalhava de dia. Menor podia trabalhar com carteira de trabalho. Era continuo de um português representante das camisas Torre. Slogan: três tamanhos de manga para cada número de colarinho. Camisas de tricoline, pano de algodão da melhor qualidade. Escritório na rua Espírito Santo, no prédio do banco Comércio e Indústria. Prédio chique a mais não poder. Em frente ao velho Tip Top da saudosa D. Paula, ao lado dos bilhares Brunsuwick. A gente era feliz e não sabia.
O governador era Bias Fortes. O Biazinho, filho dele era amigo de um primo de meu pai. Dois vagabundos que andavam de terno de linho S120, sapato preto modelo "focinho de tatu" de bico bem fino e lenço de três pontas no bolso da lapela. Nada faziam. Frequentavam um restaurante de um tio meu em Santa Efigênia, de nome Bar e Restaurante Universitário, especializado em comida baiana, na Av. Brasil. Péssimo ponto. Jogavam escopa o dia inteiro. Depois, à noite tomavam o rumo dos "rendezvous", da Margarida no Barro Preto, também conhecido como "Consulado do Triângulo Mineiro" ou da Nena, na rua Manuel Macedo, ao lado o restaurante Lanterna Azul.
O meu tio, foi induzido pelo tal primo que era oficial de gabinete do Bias pai a comprar o restaurante. Faliu.
O tal primo, morreu de beber. Do Biazinho não tive mais notícias. A cidade cresceu e a cirrose que matou o primo em segundo grau também corroeu a cidade, hoje, cheia de favelas que mudaram de nome e atendem por aglomerados ou comunidades, lugares inacessíveis aos serviços públicos, esgoto, polícia e ordem, água, luz, TV a cabo e outros serviços que chegam por meios de gatos. Correio não precisa: ninguém mais usa. A cada dia avançam sobre o núcleo inicial. Prédio monumentais, carros a mais não poder.
O governador era Bias Fortes. O Biazinho, filho dele era amigo de um primo de meu pai. Dois vagabundos que andavam de terno de linho S120, sapato preto modelo "focinho de tatu" de bico bem fino e lenço de três pontas no bolso da lapela. Nada faziam. Frequentavam um restaurante de um tio meu em Santa Efigênia, de nome Bar e Restaurante Universitário, especializado em comida baiana, na Av. Brasil. Péssimo ponto. Jogavam escopa o dia inteiro. Depois, à noite tomavam o rumo dos "rendezvous", da Margarida no Barro Preto, também conhecido como "Consulado do Triângulo Mineiro" ou da Nena, na rua Manuel Macedo, ao lado o restaurante Lanterna Azul.
O meu tio, foi induzido pelo tal primo que era oficial de gabinete do Bias pai a comprar o restaurante. Faliu.
O tal primo, morreu de beber. Do Biazinho não tive mais notícias. A cidade cresceu e a cirrose que matou o primo em segundo grau também corroeu a cidade, hoje, cheia de favelas que mudaram de nome e atendem por aglomerados ou comunidades, lugares inacessíveis aos serviços públicos, esgoto, polícia e ordem, água, luz, TV a cabo e outros serviços que chegam por meios de gatos. Correio não precisa: ninguém mais usa. A cada dia avançam sobre o núcleo inicial. Prédio monumentais, carros a mais não poder.
O aniversário foi comemorado no cineteatro Brasil pela Rádio CBN com um programa ao vivo, cheio de figuras ditas marcantes da cidade. Senti falta de Gustavo Penna, Ivo Faria, Tônico Mercador, José Lucio Mendes, José Maria Rabello e outros nomes sempre lembrados de BH.
Carlos Felipe, porque não? uma lacuna. No mais, as velhas lamúrias de sempre. Falta de um centro de convenções para abrigar grandes congressos, falta de incentivos e outras cositas mais. Volto a dizer: a gente era feliz e não sabia.
Notas:
1) Em 1959, quando vim de de Itaúna para BH para fazer o curso científico, o tempo de viagem de jardineira Chevrolet, já tinha diminuído para duas horas. Estrada de terra de Vianopolis para frente.
Depois do asfalto, já no final do anos sessenta, passando por dentro de Betim, a viagem diminuiu para uma hora e meia. Hoje com sorte, de carro, leva-se duas horas e meia. Chamam isso de progresso.
2) Colhi algumas pérolas no site da revista Veja. Não é marcação, é observação. Lá vão elas:
- Trinta por cento da população da terra rói as unhas. E eu com isso? Nunca roí unha e corto as minhas regularmente.
- Não caia na besteira de lutar com um canguru. Nunca fui à Austrália e tampouco conheço cangurus, aliás, os únicos marsupiais que conheço. E são os simpáticos gambás brasileiros que têm fama de fedorentos sem sê-los.
- Praticar exercício melhora a qualidade dos espermatozóides. Imaginem se as tartarugas fossem mais ativas. Na Terra só teríamos essa espécie.
- John Glenn. O primeiro astronauta americano morreu com noventa e cinco anos. Desprende-se que ir ao espaço traz longevidade. Glenn foi ao espaço duas vezes.
- Paleontólogos descobriram uma cauda de dinossauro conservada em âmbar. A cauda tem penas. Tudo indica que era um dino pronto para desfilar no dia do orgulho gay.
Fora da imprensa:
George Norman Kutowa, idealizador do Parque das Mangabeiras, criador da Belotur, do Forró de Belo e responsável pelo renascimento do carnaval, quando Maurício Campos foi prefeito nos anos oitenta, era um visionário. Junto com o parque, foi idealizado um teleférico que o ligaria ao Parque Municipal Américo Renée Gianetti. Não foi feito. No último fim de semana, um progresso que talvez seja o embrião do teleférico pensado por Norman: fizeram uma "tirolesa" que liga o Mirante das Mangabeiras à Praça de Esportes do parque do mesmo nome.
Uma variação segura e paga do cipó do Tarzan.
Urtigão (desde 1943)
Depois do asfalto, já no final do anos sessenta, passando por dentro de Betim, a viagem diminuiu para uma hora e meia. Hoje com sorte, de carro, leva-se duas horas e meia. Chamam isso de progresso.
2) Colhi algumas pérolas no site da revista Veja. Não é marcação, é observação. Lá vão elas:
- Trinta por cento da população da terra rói as unhas. E eu com isso? Nunca roí unha e corto as minhas regularmente.
- Não caia na besteira de lutar com um canguru. Nunca fui à Austrália e tampouco conheço cangurus, aliás, os únicos marsupiais que conheço. E são os simpáticos gambás brasileiros que têm fama de fedorentos sem sê-los.
- Praticar exercício melhora a qualidade dos espermatozóides. Imaginem se as tartarugas fossem mais ativas. Na Terra só teríamos essa espécie.
- John Glenn. O primeiro astronauta americano morreu com noventa e cinco anos. Desprende-se que ir ao espaço traz longevidade. Glenn foi ao espaço duas vezes.
- Paleontólogos descobriram uma cauda de dinossauro conservada em âmbar. A cauda tem penas. Tudo indica que era um dino pronto para desfilar no dia do orgulho gay.
Fora da imprensa:
George Norman Kutowa, idealizador do Parque das Mangabeiras, criador da Belotur, do Forró de Belo e responsável pelo renascimento do carnaval, quando Maurício Campos foi prefeito nos anos oitenta, era um visionário. Junto com o parque, foi idealizado um teleférico que o ligaria ao Parque Municipal Américo Renée Gianetti. Não foi feito. No último fim de semana, um progresso que talvez seja o embrião do teleférico pensado por Norman: fizeram uma "tirolesa" que liga o Mirante das Mangabeiras à Praça de Esportes do parque do mesmo nome.
Uma variação segura e paga do cipó do Tarzan.
Urtigão (desde 1943)