Urtigão, o Bradesco e as Coronárias


Tenho setenta e três anos, dois enfartes. O primeiro aos quarenta e quatro e o segundo aos cinquenta e cinco. No segundo me enfiaram no peito quatro pontes de revascularização. Médicos competentes do Hospital Madre Teresa de BH.

Em 2007,a situação das coronárias estava novamente periclitante. Minha única filha iria se casar. Logo após o casamento, graças a um abnegado médico do Hospital Felicio Rocho, de nome Jamil Abdalla Saad, consegui ser devolvido novamente ao destinatário. Contrariando indicações de vários médicos de três hospitais, o Dr. Jamil (que Deus o tenha) resolveu tentar uma angioplastia das mais complicadas. Bingo! Sucesso total! Vinte dias depois, outra intervenção e outro "stent".

O abençoado médico, jovem, bem humorado e competente, infelizmente morreu. Uma pena. Viver no Brasil, principalmente para cardiopatas é uma temeridade.

Em 2013, voltei a ter problemas. Duas síncopes sem razão aparente. Fui ao clínico e ao cardiologista que me assistiam. Nada de anormal no eletrocardiograma. Comentei o fato "en passant" com um amigo, médico especialista em medicina nuclear. Ficou preocupado. Disse-me: "se eu lhe arranjar um outro cardiologista para lhe atender hoje você irá até ele?" Respondi afirmativamente. Cinco minutos depois me ligou: às 15 horas no Biocór. O médico é boliviano mas não se assuste. É dos melhores. Foi a melhor coisa que poderia acontecer. Revirou-me dos pés à cabeça. Resultado: descobriu uma série de coisas. Mudou medicação, exames vários e por fim, mais um cateterismo e mais "stent ".

Daí pra frente ando passando bem. Até novembro. No dia oito do mês passado, o banco HSBC onde eu tinha conta há vários anos passou ao comando do Bradesco.

Tem sido um inferno. Não conseguiram ainda causar-me novo enfarte. Hoje foi por pouco. Há tempos vi-me obrigado a dizer a um gerente de uma agência na qual eu tentava fazer um pagamento via transferência bancária de minha conta para uma pessoa jurídica que o meu sobrenome não era TRABUCO!!!! e que eu não respondia nenhuma ação na justiça. Isso depois de passar cartão magnético, de senha mil, de botar o dedão e o punho para identificação e outras humilhações. Uma mixaria de R$1.300,00. Eu não estava tirando para mim. Estava pagando a outro. Hoje foi pior. Cinco ou seis ligações telefônicas perdidas tentando tirar dinheiro de uma aplicação minha de fato e de direito e sempre esbarrando em um problema cibernético ou burocrático.

Prometo a mim, a minha mulher, aos meus dois filhos e aos meus dois netos. Na próxima semana darei por encerrada a minha relação com o Bradesco. Não é um banco para velhos cardiopatas. É sim o caminho mais curto para acabar de vez com a vida antes de 2017.

Uma Nota:

Sorte minha que no prédio onde tenho escritório funciona uma drogaria. Logo depois do entrevêro com os atendentes do banco, tentei ficar mais calmo, fui à farmácia e comprei aspirinas. Tomei uma de 300 mg. Homem prevenido usa cinto e suspensório .


Urtigão (desde 1943)