À Frente da Vanguarda do Atraso - Jornal "Edição do Brasil” - Mário Ribeiro

Em sua mais recente entrevista à imprensa, o procurador Regional da República, Carlos Fernando dos Santos, declarou que revelações de executivos e ex-executivos da Odebrecht provocarão um “tsunami” na política brasileira.

“A corrupção está em todo sistema político brasileiro – continuou – seja partido A, partido B, seja partido C, sejam de esquerda e de direita, em todos os governos”.

São afirmações sérias demais do decano da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, que escancarou vergonhosas articulações de membros do antigo e do atual governo.

Nem parece que brasileiras e brasileiros foram para as ruas em históricas manifestações, que culminaram no impeachment da presidenta (como ela se auto-denominou) Dilma Roussef e do seu governo, que literalmente quebrou o país.

Será que nunca conseguiremos dar um basta nesse mantra que nos persegue parece que desde Cabral?

O tempo segue em frente mas não consegue nos convencer de que devemos fazer escolhas certas na hora de votar.

Dá para pensar que sofremos constantes ataques de uma incurável epidemia e nunca encontramos como estancá-la.

Pode até ser conseqüência do famoso “jeitinho”, capaz de provocar, continuamente, nossas escapulidas morais típicas que acabam por desaguar na seara política.

É como se um karma permanente impregnasse nossos corações e mentes, impedindo-nos de medir o tamanho de nossa tragédia ao longo do tempo.

Nem é o caso de creditar esse karma somente ao descalabro praticado pela administração comuno-petista que deixou o país em “petição de miséria”, como diziam os mais antigos.

Parece claro que a culpa vem de cada um de nós pois, como eleitores conscientes, deveríamos fazer escolhas certas, se elas existirem, de quem irá nos representar.

A partir desse raciocínio, fica fácil entender o desencanto em relação ao presidente Temer por emplacar no governo políticos como Edson Lobão e Moreira Franco pelo fato de eles serem filiados a seu partido.

Coisas desse naipe provocam desânimo e desesperança quanto ao nosso futuro, embora tenham sido tomadas medidas importantes na área econômica.

Mas, de repente, procurando “honrar” compromissos com seu partido, Temer perde o rumo no seu precário mandato para atender quem não tem compromisso com o país mas apenas com os próprios interesses.

O mundo avança na ciência, na tecnologia, nos novos processos administrativos, mas parece que o Brasil não consegue se desgarrar de fantasmas eternos, como o coronelismo e o trágico jogo de interesses pessoais inerentes à imensa parte de nossos políticos.

Não é à-toa que a cada dia o país confirma sua sina de se manter no que, com razão, é chamado de “vanguarda do atraso”.

E põe atraso nisso aí.


Mário Ribeiro