Para chegar ao serviço, ela pega um mais ou menos perto de sua casa, que fica em outro município relativamente distante da Capital, outro que a leva ao centro de Belo Horizonte e mais um até o local onde trabalha.
Não é fácil chegar porque o número de coletivos é pequeno nas três linhas de que se utiliza, os pontos de embarque ficam lotados e quando adentra um dos ônibus não há outra solução que não seja se conformar em viajar em pé, esprimida como se estivesse numa lata de sardinha.
O motivo principal do atraso ao serviço decorreu da modificação, feita sem qualquer aviso nos últimos dias, no trajeto do terceiro ônibus que a leva, finalmente, onde trabalha.
Acostumada a cumprir rigorosamente seus compromissos, até em razão de sua devoção religiosa e por uma espécie de compulsão para não admitir erros diante das agruras que já passou na vida, ela se preocupa com os rumos que as coisas estão tomando de forma generalizada no mundo.
Ela concorda que, de fato, são várias as melhorias que sabe estarem acontecendo e que, seja pelo bem ou pelo mal, facilitam, em parte, a vida de cada um.
O que a intriga são desleixos como o de não avisar aos passageiros de seu ônibus que o trajeto do coletivo mudou de um dia para outro e que a fez chegar tarde ao serviço.
Com razão, ela pergunta se os concessionários de serviços públicos e os governos realmente pensam no povo.
Pela sua religiosidade, melhor ela recorrer às orações…
Mário Ribeiro