Teve de se contentar com a Colômbia . Não é tão ruim assim. Afinal de contas, Pindorama levou o nome de uma árvore da família das cisalpineas. Pau brasil, deu nome ao país grande, moreno e problemático. Também não é o pior. Se analisarmos bem, o grande vizinho do norte, que se intitula América, não tem um nome para chamar de seu.
Lendas como o Eldorado, A Fonte da Juventude e das Amazonas, atiçaram a cobiça de muitos aventureiros. Principalmente os espanhóis.
Afinal, tinham descoberto a montanha de prata em Potosi e muito ouro no México, quando Cortez subjugou os Astecas. Muitos morreram na aventura de procurar o lago encantado do El Dorado e muito dinheiro foi gasto na procura da lenda. A fonte da juventude era outra obsessão . Juan Ponce de Leon, primeiro governador de Porto Rico, arriscou-se na aventura. Presume-se que chegou a Flórida, que tomou como ilha e batizou de "Florida". Não achou a tal fonte mas também não morreu velho. Atacado por índios, foi levado para Cuba e por lá esticou as nobres canelas.
Os espanhóis eram mais aventureiros. Não pelo espírito. Por obra e graça da Coroa Espanhola que não botava dinheiro na jogada. Nomeava o aventureiro como senhor de novas terras e cabia a ele, bancar a aventura, com grana própria e risco próprio. Poucos se deram bem. A maioria morreu de fome ou flechada por índios. De doença ou perdidos em terras hostis, num tempo em que não existia GPS e outras novidades facilitadoras de aventuras.
Os portugueses, com exceção do almirante Vasco da Gama e de Bartolomeu Dias, eram menos atrevidos nas Américas. Afinal, eles tinham as Índias , a Rota da Seda e muita riqueza dos marajás. O Brasil, não era prioridade. Em principio lhes bastava o pau vermelho e depois o açúcar.
Tenho imensa simpatia pelos portugueses, não só por ter neles as raízes de minha família, tanto materna quanto paterna, mas também pela forma de viver até os dias atuais e conservar os bons costumes da "Santa Terrinha" . Tenho também muita pena. Explico: os seus descendentes aqui deixados, devidamente misturados com negros africanos e índios, souberam transformar em realidade as lendas que exterminaram e levaram ao fracasso tantos aventureiros. Não todos, é verdade. Mas uma minoria, bem aquinhoada soube descobrir o El Dorado e ao mesmo tempo a Fonte da Juventude. O Cabral brasileiro, que não é Pedro, é Sérgio, não descobriu o Brasil.
Entretanto, com seu toque de Midas descobriu o El Dorado e também a Suíça, belo e pequeno país nos Alpes. Outros tantos políticos também descobriram o El Dorado, sem se arriscar em travessias perigosas e selvas insalubres , cheias de miasmas e febres palustres.
O único risco sério que correm é encontrar o Caminho de Curitiba, da Papuda ou do Complexo de Bangu. Outros destemidos colegas da política , além do El Dorado, descobriram também a Fonte da Juventude. Para conferir, basta acessar a biografia de Edson Lobão , Iris
Rezende, José Sarney, João Durval Carneiro e João Alberto de Souza. Todos eles, políticos atuantes, com mais de oitenta anos e vastascabeleiras negras como a asa da grauna, ou acaju como o peito de um belo curió . Aos portugueses, depois de tanta labuta, restou o ouro de Vila Rica ( que não era tanto) e os diamantes faiscados no Arraial do Tejuco. Dignos de pena.
Notas:
1) Frase pescada do site de Lauro Jardim no O Globo, sobre uma frase de Sérgio Cabral " acho que exagerei"
Do Radar da Veja: " Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, tinha o apelido de madrinha entre vários magistrados do Rio e de Brasília.
Lembro-me de meu avô tropeiro: tropa de burros sempre tinha como madrinha uma boa mula. Fala-se de uma possível delação do Cabral e senhora, capaz de atingir o judiciário. Está na mídia.
2) Uma das características dos políticos malandros e dos empresários sacripantas é a arrogância. Vide Eike Batista nos dias de oitavo homem mais rico do mundo. O mesmo serve para Marcelo Odebrecht e para tantos políticos que sempre repudiam veementemente as as acusações de delatores. Duas palavras rotas de tanto usadas: repudio e ilação. No fim, tudo acaba por restar provado.
Urtigão ( desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943 )