Urtigão e os Políticos. De Ontem e de Hoje.

Bob Jeferson em Brasilia
Eu tenho uma teoria sobre a televisão aberta.

Quase nunca mostra alguma coisa que presta. Entretanto, se tivermos paciência de pescador, às vezes pescamos alguma coisa.

Aconteceu na última sexta-feira. Cansado da leitura de dois livros muito bons mas "pesados" de Jorge Caldeira, pus-me a procurar alguma coisa na televisão. Na Rede TV que, para mim ainda é Manchete, encontrei uma entrevista ao vivo com Roberto Jeferson com Mariana Godoy.

Na minha longa vida de ilustre "pé rapado", conheci muita gente, inclusive o deputado que denunciou o Mensalão. Foi em 1993, durante um congresso de hospitais que organizei. Ele tinha sido o chefe da tropa de choque do Collor e tinha perdido a parada.

Num dos corredores do Minascentro deram a ele a notícia que a CPI dos Anões do Orçamento tinha alcançado o Ibsen Pinheiro, um dos algozes do "Caçador de Marajas".

Bob Jeferson ainda era gordo. Um homem balofo e volumoso.

Pegou com gosto no volume das ditas partes pudendas e disse com satisfação e bem alto: "Agora vamos botar rola no rabo desses f.d.p."

Sem pudor e no meio da multidão e de um monte de puxa-sacos.

Achei tudo horrível. A impressão foi péssima. E, mais, já não apreciava o tipo em razão da defesa inconteste de Collor e sua gangue. O tempo passou, ele operou o estômago, emagreceu e assumiu a presidência do PTB em lugar do finado Martínez. Daí a denunciar o Mensalão, foi um pulo. Não que ele fosse santo. Armaram uma arataca para ele.

Um "cumpincha" seu, de nome Waldomiro Diniz, foi filmado com a mão na grana. Pegando propina. Era o que faltava para o ex-gordo botar a boca no trombone. Denunciou tudo. Só não derrubou o Lula. Derrubou Ze Dirceu, a quem chamou de rato magro. Foi cassado, pegou cadeia, curou um câncer e está de novo em forma. Será candidato em 2018 a deputado federal. Pelo Rio ou São Paulo. Ganha fácil.

Entre as minhas teorias, uma delas também já restou provada: a gente sempre tem saudade daquilo que achávamos ruim. Roberto Jeferson, um sacripanta dos maiores, hoje perto de Zé Dirceu, de Lula, de Sergio Cabral, de Eduardo Cunha, de Renan Calheiros e outros, é um santo homem. Católico, disse ir a missa sempre aos sábados ou domingos. Temente a Deus. Se é verdade, não sei.

Entre outras coisas, elogiou Sérgio Moro. No seu pensar "homem sério, competente e alheio aos holofotes”.

Desdenhou de Joaquim Barbosa: "Dado a aparecer, de criar caso com os colegas. Parecia o Batman, em pé atrás da cadeira do Supremo com a toga preta".

Dos políticos e caixa dois: "As empresas doavam dez por cento legalmente e noventa por cento por fora. Para todo mundo".

Disse muito mais e deve saber muito mais. Valeu a pena ver a entrevista. Inteligente, sagaz e capaz de demolir até a si mesmo. Cada país tem o Jeferson que merece.


http://www.redetv.uol.com.br/jornalismo/marianagodoyentrevista/videos/programas-na-integra/mariana-godoy-recebe-o-presidente-do-ptb-roberto-jefferson-integra

Notas:

1) Não se iludam com os políticos. Nos anos setenta eu era gerente de Recepção do Hotel Del Rey e Belo Horizonte sediou um congresso de parlamentares de uma entidade de nome UPI. Nada a ver com a agência de notícias. Uma certa União Parlamentar Internacional.

As faturas eram debitadas à tal entidade. Extras por conta dos hóspedes. Não sei o que fizeram. Lembro-me de um festival de bêbados todos os dias.

Chegavam para dormir quase de quatro. Um deles vomitou do alto da escadaria do "mezzanino" lá embaixo no "lobby". Felizmente não atingiu ninguém.

No dia da saída, outro vexame: As excelências se recusaram a pagar os extras.

Fui obrigado a tomar uma atitude radical: Reter as bagagens de toda a turma. O presidente da entidade nacional, de quem não mais lembro o nome - sei que era do Paraná ou Santa Catarina - tentou me agredir.

Se não tiro a cara da reta, levava um soco. Por sorte, minha mulher, jornalista atuante na época, conseguiu que o fato fosse noticiado na Veja.

Foi o meu revide.

2) Se quiserem ter outra amostra de políticos, esperem pelo Congresso da Associação Mineira de Municípios. Normalmente ele é realizado em Belo Horizonte no mês de maio. Deve ser no Expominas. No meu tempo de Superintendente do Minascentro, eu tinha horror deste evento. Uma bebedeira sem fim.

Uma festa para as boates de "garotas de programa" da cidade, que faziam a feira do mês inteiro nos três dias do evento.

Em 2017, talvez, em função das vacas magras, a esbórnia deva ser menor. É uma boa amostra dos políticos. Os prefeitos são antiga FEBEM da corrupção. À medida que sobem na política, tornam-se mais competentes na arte de escamotear o dinheiro do povo. Lembrem-se que Sérgio Cabral foi prefeito, antes de ser governador .

3) Por falar em Martínez, o finado ex-presidente do PTB, deu de presente um relógio Rolex de ouro para Zé Dirceu. O então poderoso ministro doou o relógio para o "Fome Zero" programa capitaneado por José Graziano e Frei Beto. Mandado avaliar o relógio no penhor da Caixa Econômica, constatou-se que era falso. Igual ao Zé Dirceu, o homem que nunca existiu.

4) Contrariando o titular do blog que anos antes lançou a candidatura de Joaquim Barbosa para presidente da república, ouso, na minha insignificância, lançar a candidatura de Pedro Parente para o cargo em 2018. Não vai colar e ele não vai aceitar. É o executivo mais competente do Brasil. 



Urtigão (desde 1943)
(Urtigão e pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943)