E a Ética, coitadinha? - Crônica Jornal “Estado de Minas" - 23/03/2017 - Mário Ribeiro

Pelo andar da carruagem, não será demais perguntar aonde pretendemos chegar com essa pressa toda nesses tempos cibernéticos que nos dominam totalmente?

Aliás, a carruagem quando surgiu foi um extraordinário avanço, no longínquo oeste de filmes de cowboy com John Wayne disparando tiros em todas as direções.

Vieram o motor e o combustível a gasolina ou hidrogênio e bagunçaram tudo em nome do conforto e da velocidade.

Junto a isso acrescente-se a pressa do dia-a-dia que se tornou comum a todos nós e nunca mais teve (ou terá) jeito de ser dominada.

Mais do que nunca temos pressa de chegar e de avançar até pelo espaço sideral na nossa obsessão de alcançar o infinito de maneira espetacular, se possível, gramourosa.

É tanta pressa que a cada dia notamos a falta de alguma coisa que deixamos para trás como a paciência e a calma para alcançar objetivos que traçamos também velozmente.

Essa ansiedade não é coisa de agora.

Basta lembrar do Raul Seixas, chamado de “maluco beleza”, e sua música pedindo para que o mundo parasse porque ele queria descer.

Essa pressa aumenta dia-a-dia e não podemos reclamar de deixarmos para traz muita coisa como se fosse uma tralha incômoda, principalmente o passado de coisas agradáveis e importantes conseguidas ao longo de nossas vidas.

É o nosso destino.

Mas seria bom não esquecer de princípios básicos para nossa vida como a ética, coitadinha, tão mal tratada em nome de desejos desbragados por tantas coisas vendidas como maravilhas.



Mário Ribeiro