Impressionou o Carnaval de tanta alegria. Talvez nunca antes neste país ruas e avenidas tenham sido invadidas por foliões em estado de total felicidade.
Como diriam os otimistas, melhor alegria do que tristeza, inspiração para marchinhas de velhos Carnavais como na
na que dizia “tristeza, por favor, vai embora…” em meio à situação nada animadora vivida pelo país e pelas pessoas.
Assim, melhor extravazar otimismo e felicidade do que se deixar levar por notícias de um país em uma crise que contabiliza algo em torno de 20 milhões de desempregados.
Preferível rir e se esbaldar e deixar pra lá a dura realidade. Além do mais parece não ter data marcada o início de uma consistente recuperação da economia de um país que, de repente, se viu perdido sem saber como encontrar saída à altura para problema tão grande como antes nunca visto.
Acontece que sempre foi assim em todo Carnaval.
Só que desta vez talvez tenha ficado clara a oportunidade de cantar em rítmo de samba-canção (nem samba nem canção existem mais) o clássico que afirmava:
“Tanto riso, tanta alegria, mais de mil palhaços no salão…”
Blocos surpreendemente enormes e animados projetavam a esperança de que dias melhores virão, como se expressassem desesperada mensagem de que a tristeza já era e mandassem para longe a dura realidade.
Faz mais sentido manter e melhorar a tradição do Carnaval e deixar a esperança esboroando pelo ar…
Tudo passa e, infelizmente, o Carnaval, também.
Para quê voltar ao que era antes, se em tese ninguém deseja sair do céu para retornar ao inferno…
Pior é nunca sabermos se vivemos no céu ou no inferno.
Mário Ribeiro