Consumo na Kanchenjunga |
Surpreso, perguntei com imperdoável agressividade:
- “Uai, o que deu em você? Quase não o reconheci…”
Sua resposta foi à altura de minha inconveniência:
- “Também não o reconheci. Inacreditável alguém como você não prestar atenção ao mundo em constante avanço e observar melhor as mudanças em alta velocidade. É horrível lhe dizer mas você é alguém totalmente ultrapassado sobre o mundo atual, amarrado a tudo de antigo que tem encravado em sua mentalidade tacanha”.
Não retruquei. Eram muitas suas razões para censurar meu sarcasmo politicamente incorreto em relação a ele.
Meio sem jeito e envergonhado, quis saber o que tem feito.
“- Viajo alucinadamente como forma de ajudar na recuperação da nossa economia. Outro dia voltei de Kanchenjunga, terceira montanha mais alta do mundo, com 8.599 m de altitude, no Himalaia, entre o Nepal e a Índia. Foi ótimo. Até quiseram me fazer monge. Não foi possível a sagração porque minha passagem de volta estava marcada para o dia seguinte”.
Lamentei. Seria uma boa ele como monge e exemplo para tantos que se perdem no consumismo desbragado.
Ele repreendeu severamente minha sugestão
- O que seria do mundo se parássemos de consumir?
Para que polemizar com meu amigo ex-doido…
Com moral lá em baixo, me despedi deixando-o seguir com suas idéias avançadas e seu tique nervoso tradicional.
Mário Ribeiro