- O home partiu pra cima de mim feito uma fera e foi logo dizendo indivídio; aí doutor eu fiquei pedante e plantei-lhe a faca.
Depois de muito debate, os jurados concluíram que o réu deveria ser libertado, um homem sério insultado e assim ficara pedante.
E agora, JOSÉ MAYER, que depois de ator famoso passou a acreditar que nenhuma mulher resistia à sua investida de macho desabusado, ficou pedante.
No meu tempo de estudante universitário em Belo Horizonte, o melhor do sábado à noite era ir para a sede social do DCE (Diretório Central dos Estudantes) onde dançávamos com as mais belas moças ao som da Orquestra do Castilho. Nosso grupo de alunos da Engenharia se reunía na Avenida Afonso Pena, em frente à loja Slopper, e dalí íamos tomar o bonde que subia pela rua da Bahia até à Praça da Liberdade. E naquele dia lá estávamos no ponto, quando chegou o bonde.
Mariazinha, moça bonita que tinha lindas nádegas, que também ia para o DCE, mal subiu no estribo quando se voltou e deu uma vigorosa bolsada na cara do R, nosso colega. Ele gritou:
- Você é doida?
Ela respondeu:
- Ninguém passa a mão em mim.
Ainda bem que CH, já no quinto ano, empurrou R e em nome de nosso grupo, pediu sinceras desculpas à Mariazinha que aceitou por ser ele um cavalheiro.
Não deixou nosso grupo pegar o mesmo bonde, ela seguiu aliviada e agradecida. Mas aí nos contou que fora ele que não conseguira resistir e passara a mão na bunda dela. Todos nós tivemos sinceras invejas de CH pelo seu ato ousado.
Os tempos são outros e José Mayer pedante em sua fama, sem considerar que nos tempos de hoje há um crime chamado Assédio Sexual, assediou a séria figurinista Su Tonani durante meses. Pior foi quando repelido em definitivo, ter passado a mão no que é intocável, no Ponto de Honra dela.
Realmente um pedante, a fama subiu-lhe à cabeça de cima e deixou-se ser norteado pela outra que não tem cérebro. Merece ser chamado de Indivídio sem poder reagir. É como se diz em minha região:
- Lascou-se todo, mas quem mandou ser besta?
Depois veio a público dizer:
- Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas.
Procurou aliviar seu pecado. Disse ser ele fruto de uma geração que aprendeu erradamente.
Melhor tivesse assumido ter se tornado um individuo pedante fruto da fama e que não soube domar sua vaidade.
Su Tonani com sua firmeza de atitude fez ver a ele que no seu Ponto de Honra não lhe dera autorização para tocar… As mulheres se uniram e disseram:
- Mexeu com uma, mexeu com todas
E em minha região disseram “Aprendeu, Papudo”.
Anda com o “rabo entre as pernas”... Mas é um caso típico de um crime com muitos castigos. Mas parece que “lascou-se e aprendeu”.
Sabe-se que o primeiro assédio foi de Eva estimulada pela serpente. Adão foi com ela para detrás da moita e foram muitos gritos loucos. O grande poeta Olavo Bilac, em seus versos da Alvorada do Amor, conta-nos que, expulsos do Jardim do Éden, Adão foi admirável e disse à Eva:
- Chega-te a mim! Entra no meu amor. E à minha carne entrega a tua carne em flor! Preme contra o meu peito o teu seio agitado, E aprende a amar o Amor, renovando o pecado... Ah! bendito o momento em que me revelaste. O amor com o teu pecado, e a vida com o teu crime!
Por isso, aquele grupo que tomava o bonde na rua da Bahia, o mais novo já completou 80 anos, CH e outros já morreram, reuniu-se inclusive R que levou a bolsada e estão aqui para pedir à jovem Su Tonani para mandar parar mais punições. Todos já conhecem o José Mayer como indivídio, mas com tanta pancada, já deixou de ser pedante.
Arthur Lopes Filho