Meu pai ficou órfão de pai e mãe aos onze anos de idade. Manco de uma perna, resultado de um acidente aos sete, era o quarto de onze irmãos. De um dia para o outro viu-se levado para o norte de Minas, distância de vinte léguas da confluência do Paracatu com o São Francisco. Ele e um irmão, mais velho do que ele um ano de nome Rubem. Ficaram dois anos na "fazenda" de um tio afim, meio jagunço, que criava gado naquelas bandas e nas fraldas da Serra do Caparaó. Teve cinco "maleitas". Ele, que como o irmão, era branco que nem leite, quando voltou a sua cidade natal, estava da cor de um bugre a ponto de uma de suas avós não o reconhecer. Os outros irmãos, duas mais velhas e os mais novos foram repartidos entre parentes. Dois deles, Benedito e Vicente, com sete e oito anos, foram postos em um patronato perto de Viçosa, de nome Silvestre Ferraz. De lá fugiram e andaram cerca de duzentos quilômetros até Rio Piracicaba.
Faltou dizer: minha avó morreu em 1919 e meu avô Lafaiette em 1920. Outros tempos.
Dito tudo isso, entro no assunto principal: a advogada Adriana Ancelmo, casada com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, saiu da prisão de Bangu para sua casa no Leblon. Passará a cumprir prisão domiciliar, por força de uma liminar concedida pelo mesmo juiz que a colocou na cadeia.
A mudança de regime prisional se deu em razão da dita senhora, advogada de profissão e acusada de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outras traficâncias ao lado do marido, ter um filho menor de doze anos e ainda não ter sido julgada.
A condição de ficar em casa, junto dos filhos um de dez e outro de catorze anos vai privar a advogada de telefone fixo, telefone celular e internet. Grande coisa. Terá ao seu dispor os telefones dos serviçais, dos amigos e de todos aqueles que porventura tenham "rabo de palha" e morrem de medo do ex-casal vinte do Rio de Janeiro "botar boca no trombone" a troco de uma colaboração com a Justiça .
Narrei um pouco das desditas de meu pai e seus irmãos para efeito de comparação. Em um tempo em que a informação era muito menor os homens e mulheres tinham de assumir responsabilidade mais cedo. Tivessem ou não a companhia dos pais.
Nos dias de hoje, qualquer criança sabe clamar por seus direitos, mesmo que não os consiga
Enquanto a madame, vidrada em jóias da H. Stern, da Van Cleeff & Arpels e de outras menos cotadas, ficará no Leblon numa mansão sobre pilotis. Enquanto isso, quarenta mil mulheres estão na cadeia no Brasil, sem serem julgadas, com filhos bem menores, a maioria de delas, mães solteiras, sem advogado e sequer sem defensor público. Vão mofar por lá.
Pai e mãe sempre fizeram enorme falta a todos os filhos. Nem por isso, nem meu pai e tampouco meus tios e tias se tornaram marginais.
Quanto às PPPs do título? Nada a ver com Parceria Público Privada. Tudo a ver com o axioma brasileiro: em Pindorama só fica na cadeia Pobre, Preto e Prostituta.
Notas:
1) Volta e meia os bois voltam a baila. Eduardo Cunha ficou rico vendendo carne enlatada (de bois) a países africanos. Renan Calheiros pagava a pensão de uma filha que teve com uma jornalista, fora do casamento, negociando bois de sua fazenda nas Alagoas. Bois caros.
2) O amigo de Lula, o pecuarista Bumlai, pagou doze milhões de empréstimo ao Banco Schain, com sémen de boi. Haja sémen. O senhor Picianni, presidente da Alerj, levado a depor, é realmente pecuarista. No entanto é suspeito de superfaturar venda de gado para a Carioca Engenharia . Tanto trabalho tiveram os uberabenses para trazer o zebu para o Brasil e os políticos não respeitam o boi.
3) De uma repórter da Rádio CBN/BH, em cadeia nacional, noticiando que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico, a Prefeitura de BH e a Cúria Metropolitana, depois de ouvir especialistas chegaram a uma conclusão sobre como remover a recente pichação feita na Igreja da Pampulha. Suspense: ....... a pichação será removida com Agua ras!!!!
Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943)
Faltou dizer: minha avó morreu em 1919 e meu avô Lafaiette em 1920. Outros tempos.
Dito tudo isso, entro no assunto principal: a advogada Adriana Ancelmo, casada com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, saiu da prisão de Bangu para sua casa no Leblon. Passará a cumprir prisão domiciliar, por força de uma liminar concedida pelo mesmo juiz que a colocou na cadeia.
A mudança de regime prisional se deu em razão da dita senhora, advogada de profissão e acusada de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outras traficâncias ao lado do marido, ter um filho menor de doze anos e ainda não ter sido julgada.
A condição de ficar em casa, junto dos filhos um de dez e outro de catorze anos vai privar a advogada de telefone fixo, telefone celular e internet. Grande coisa. Terá ao seu dispor os telefones dos serviçais, dos amigos e de todos aqueles que porventura tenham "rabo de palha" e morrem de medo do ex-casal vinte do Rio de Janeiro "botar boca no trombone" a troco de uma colaboração com a Justiça .
Narrei um pouco das desditas de meu pai e seus irmãos para efeito de comparação. Em um tempo em que a informação era muito menor os homens e mulheres tinham de assumir responsabilidade mais cedo. Tivessem ou não a companhia dos pais.
Nos dias de hoje, qualquer criança sabe clamar por seus direitos, mesmo que não os consiga
Enquanto a madame, vidrada em jóias da H. Stern, da Van Cleeff & Arpels e de outras menos cotadas, ficará no Leblon numa mansão sobre pilotis. Enquanto isso, quarenta mil mulheres estão na cadeia no Brasil, sem serem julgadas, com filhos bem menores, a maioria de delas, mães solteiras, sem advogado e sequer sem defensor público. Vão mofar por lá.
Pai e mãe sempre fizeram enorme falta a todos os filhos. Nem por isso, nem meu pai e tampouco meus tios e tias se tornaram marginais.
Quanto às PPPs do título? Nada a ver com Parceria Público Privada. Tudo a ver com o axioma brasileiro: em Pindorama só fica na cadeia Pobre, Preto e Prostituta.
Notas:
1) Volta e meia os bois voltam a baila. Eduardo Cunha ficou rico vendendo carne enlatada (de bois) a países africanos. Renan Calheiros pagava a pensão de uma filha que teve com uma jornalista, fora do casamento, negociando bois de sua fazenda nas Alagoas. Bois caros.
2) O amigo de Lula, o pecuarista Bumlai, pagou doze milhões de empréstimo ao Banco Schain, com sémen de boi. Haja sémen. O senhor Picianni, presidente da Alerj, levado a depor, é realmente pecuarista. No entanto é suspeito de superfaturar venda de gado para a Carioca Engenharia . Tanto trabalho tiveram os uberabenses para trazer o zebu para o Brasil e os políticos não respeitam o boi.
3) De uma repórter da Rádio CBN/BH, em cadeia nacional, noticiando que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico, a Prefeitura de BH e a Cúria Metropolitana, depois de ouvir especialistas chegaram a uma conclusão sobre como remover a recente pichação feita na Igreja da Pampulha. Suspense: ....... a pichação será removida com Agua ras!!!!
Urtigão (desde 1943)
Urtigão é pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943)