Parece também que cada vez mais vamos nos sentindo mais “poderosos” em tudo que pensamos e agimos.
Não sem razão vigora desde algum tempo a tese do empoderamento que, em outras palavras, se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem,
Tudo bem que todos possamos nos considerar donos de um poder próprio para enfrentar as confusões e os conflitos da vida cotidiana.
O problema maior talvez seja que estamos abusando desse poder que concedemos a nós mesmo, ainda mais diante de tantas novidades do mundo moderno, super-tecnológico, cheio de facilidades e de encantamentos como nunca antes no mundo.
E que a tendência disso tenha sido nos submeter ao superegoismo, à valorização exagerada do nosso “ego”.
E o mais grave é perdermos nossa naturalidade, nosso riso, nossa capacidade de entender as fraquezas e valores do nosso próximo.
Parece que, até com razão, estejamos mais desconfiados em relação às pessoas que nos são próximas já que, em tese, somos empoderados, poderosos demais para aceitar o outro com suas fraquezas e suas forças.
Voltando ao início, estamos perdendo certa singeleza que havia antes e certa condescendência com erros até de nossos maiores amigos.
E, assim, nos tornamos Empoderados, super-humanos.
E o pior: perdendo a graça de viver, já que passamos a não aceitar a verdade dos outros, só a nossa.
Mário Ribeiro