Tenho setenta e três anos, a caminho de setenta e quatro. Já vivi bastante. Creio que a maioria dos brasileiros é mais nova do que eu.
Das empresas, então, nem é bom falar.
Empresa centenária em Pindorama é manga de colete. Poucas sobrevivem duas décadas. Somos uma terra de efemeridades.
Acredito que sou mais velho do que todos os ministros do STF. No executivo, só o Presidente Michel é mais velho do que eu. No legislativo temos alguns macróbios. Coisa típica de feudos eleitorais. Não contam.
Entro agora no assunto principal: o julgamento do habeas corpus de José Dirceu. Placar apertado de três a dois. Voto de Minerva de Gilmar Mendes, presidente da turma que julgou o instrumento de pedido de liberdade.
Não entro no mérito da discussão.
Desde criança aprendi que existiam várias coisas complicadas no mundo. Uma delas era a Estação Ferroviária de Genaral Carneiro. Foi demolida. Menos uma complicação.
Restaram o resultado das urnas, bunda de neném e cabeça de juiz. Resultado de eleição, principalmente no Brasil de hoje raramente tem mistério. Ganha quem paga mais. Regra do jogo.
Quanto aos bebês, fica difícil prever a hora da cagada. Cagam sem aviso prévio. De preferência em lugares onde fica difícil trocar a fralda.
No tocante a cabeça dos juízes, continua o mistério. Nenhuma estatística, nenhuma pesquisa de opinião, nenhum astrólogo pode prever.
Mistério insondável. Nem Ze Arigó, Chico Xavier ou Mãe Dinah foram capazes de adivinhar. Mais fácil é ganhar na mega sena.
Nos corredores da Justiça existe uma máxima: Juiz acha que é Deus. Desembargador tem certeza que é pelo menos igual ao Criador. Pelo menos igual. Se derem chance, ultrapassam Jeovah, Alah e dão rasteira nos deuses gregos e nos Oxalás Africanos, Tupã e outras divindades indígenas são "café pequeno" .
Pouco se me dá se soltaram ou não o Zé Dirceu. Vai voltar a usar a privada turca em pouco tempo. Tem atração por cadeia como tinha apego aos postes quando jovem. Muitas vezes foi fotografado abraçado em um.
Vi na televisão os votos de ontem.
Dias Toffoli posando de doutor em leis, logo ele que sequer passou no concurso para juiz de primeira instância. Lewandowiski e seu novo bigode, com o perdão da insolência, é ridículo. Celso de Mello conhece a doutrina. Fachin também. Oo mínimo que se espera de quem ganha pra isso.
Chegamos a Gilmar Mendes. Voz tronitroante. Deve arrebentar microfones. Disse acima e volto a dizer: pouco me importa se soltou ou não o "Guerreiro do Povo Brasileiro". Só não concordo com o que disse ao terminar o seu voto. No meu sentir, teve razão em "puxar as orelhas" dos procuradores da Lava Jato: “No meu entendimento, foram imprudentes ao tentar pressionar "os deuses" – disse.
Arroubo de juventude.
A sede de Justiça deles é compreensível. Fazem parte de um novo Brasil que não se coaduna com velhas práticas. Perderam ontem mas certamente ganharão lá na frente.
Voltemos a Gilmar. Se não foi abuso de autoridade, certamente foi arrogância elevada ao cubo. Em alto e bom som, alardeou que o Supremo naquela hora dava uma lição ao Brasil. Sem dúvida, uma lição de extrema arrogância.
Como professor e dono de curso de direito, o nobre ministro tem todo o direito de dar lição aos seus alunos. Daí a ter condição de passar corretivo em duzentos milhões de brasileiros vai uma distância enorme.
Não lhe deram, AINDA, esta prerrogativa de função.
De minha parte, dispenso a lição. Não pedi e nem quero. Tenho idade bastante para recusar reprimendas gratuitas.
O Brasil precisa de muitas lições. Não aquelas vindas do magistrado de Mato Grosso.
Urtigão (desde 1943)
Urtigão e pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943.
Empresa centenária em Pindorama é manga de colete. Poucas sobrevivem duas décadas. Somos uma terra de efemeridades.
Acredito que sou mais velho do que todos os ministros do STF. No executivo, só o Presidente Michel é mais velho do que eu. No legislativo temos alguns macróbios. Coisa típica de feudos eleitorais. Não contam.
Entro agora no assunto principal: o julgamento do habeas corpus de José Dirceu. Placar apertado de três a dois. Voto de Minerva de Gilmar Mendes, presidente da turma que julgou o instrumento de pedido de liberdade.
Não entro no mérito da discussão.
Desde criança aprendi que existiam várias coisas complicadas no mundo. Uma delas era a Estação Ferroviária de Genaral Carneiro. Foi demolida. Menos uma complicação.
Restaram o resultado das urnas, bunda de neném e cabeça de juiz. Resultado de eleição, principalmente no Brasil de hoje raramente tem mistério. Ganha quem paga mais. Regra do jogo.
Quanto aos bebês, fica difícil prever a hora da cagada. Cagam sem aviso prévio. De preferência em lugares onde fica difícil trocar a fralda.
No tocante a cabeça dos juízes, continua o mistério. Nenhuma estatística, nenhuma pesquisa de opinião, nenhum astrólogo pode prever.
Mistério insondável. Nem Ze Arigó, Chico Xavier ou Mãe Dinah foram capazes de adivinhar. Mais fácil é ganhar na mega sena.
Nos corredores da Justiça existe uma máxima: Juiz acha que é Deus. Desembargador tem certeza que é pelo menos igual ao Criador. Pelo menos igual. Se derem chance, ultrapassam Jeovah, Alah e dão rasteira nos deuses gregos e nos Oxalás Africanos, Tupã e outras divindades indígenas são "café pequeno" .
Pouco se me dá se soltaram ou não o Zé Dirceu. Vai voltar a usar a privada turca em pouco tempo. Tem atração por cadeia como tinha apego aos postes quando jovem. Muitas vezes foi fotografado abraçado em um.
Vi na televisão os votos de ontem.
Dias Toffoli posando de doutor em leis, logo ele que sequer passou no concurso para juiz de primeira instância. Lewandowiski e seu novo bigode, com o perdão da insolência, é ridículo. Celso de Mello conhece a doutrina. Fachin também. Oo mínimo que se espera de quem ganha pra isso.
Chegamos a Gilmar Mendes. Voz tronitroante. Deve arrebentar microfones. Disse acima e volto a dizer: pouco me importa se soltou ou não o "Guerreiro do Povo Brasileiro". Só não concordo com o que disse ao terminar o seu voto. No meu sentir, teve razão em "puxar as orelhas" dos procuradores da Lava Jato: “No meu entendimento, foram imprudentes ao tentar pressionar "os deuses" – disse.
Arroubo de juventude.
A sede de Justiça deles é compreensível. Fazem parte de um novo Brasil que não se coaduna com velhas práticas. Perderam ontem mas certamente ganharão lá na frente.
Voltemos a Gilmar. Se não foi abuso de autoridade, certamente foi arrogância elevada ao cubo. Em alto e bom som, alardeou que o Supremo naquela hora dava uma lição ao Brasil. Sem dúvida, uma lição de extrema arrogância.
Como professor e dono de curso de direito, o nobre ministro tem todo o direito de dar lição aos seus alunos. Daí a ter condição de passar corretivo em duzentos milhões de brasileiros vai uma distância enorme.
Não lhe deram, AINDA, esta prerrogativa de função.
De minha parte, dispenso a lição. Não pedi e nem quero. Tenho idade bastante para recusar reprimendas gratuitas.
O Brasil precisa de muitas lições. Não aquelas vindas do magistrado de Mato Grosso.
Urtigão (desde 1943)
Urtigão e pseudônimo de José Silvério Vasconcelos Miranda, nascido em Rio Piracicaba em 1943.